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Diretor de tecnologia muda de perfil e ganha novas atribuições

Profissionais de hoje possuem visão ampla de negócio, mercado e estratégia, além de não necessariamente terem feito carreira técnica

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Por Luciana Dyniewicz
Atualização:

O perfil do CEO do e-commerce Flores Online, Lucas Buffo, é um exemplo prático do que os consultores de recursos humanos descrevem como profissional de tecnologia com potencial para chegar ao comando de uma empresa. Como CTO da companhia, Buffo transitou por diferentes áreas e comandou equipes. Antes de chegar ao cargo, aprendeu a estabelecer estratégias e, no início da vida profissional, empenhou-se em estudar finanças.

Formado em Ciências da Computação, ele começou a carreira no Bradesco como escriturário e chegou a gerente de conta jurídica. Em seguida, foi para um e-commerce de flores como analista de sistemas. Criou um sistema de gestão para pedidos da companhia e trabalhou para aumentar a taxa de conversão, ou seja, fazer com que os clientes que acessavam o site comprassem. Conforme viu que a tecnologia poderia ajudar em outros setores, como o financeiro, foi desenvolvendo projetos em conjunto com outras áreas.

Alexandre Conceição, presidente da Original Hub Foto: Marcelo Chello/Estadão

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“O diretor de tecnologia transita por toda a empresa para fazer da tecnologia uma ferramenta que causa impacto positivo para todos. Tem de entender de todos os processos para conseguir elaborar soluções para os problemas, para ser mais produtivo e menos custoso. Isso faz com que ele tenha uma visão global da companhia”, Buffo.

Por outro lado, ele destaca que algumas habilidades inerentes ao CTO também ajudam o CEO: o raciocínio lógico e o interesse por novidades. “Um bom CEO cria uma base de pessoas confiáveis que faz a empresa fluir bem no dia a dia. Isso lhe dá tempo para olhar para fora, entender as tendências de mercado e ver onde as novidades podem se encaixar para melhorar os processos e direcionar o rumo da empresa. Essa abertura para o novo é algo latente do profissional de tecnologia.”

Norton Lara, da consultoria Spencer Stuart, concorda que executivos “antenados” e abertos às novidades têm se destacado. “Essas pessoas estão ganhando espaço nas empresas, mas não necessariamente por serem CTOs, e sim por terem visão da tecnologia como ferramenta transformadora”, pondera. 

Esse profissional que enxerga as possibilidades da tecnologia, acrescenta Lara, pode ser alguém que tenha feito carreira em outras áreas, como comercial ou financeira, e acabe chegando à posição de CTO ou de CDO (diretor de digital) por sua capacidade de transformar a empresa a partir da tecnologia.

É o caso do novo presidente da XP. Apesar de ter liderado a transformação digital da companhia, Thiago Maffra é formado em Administração e desenvolveu a maior parte de sua carreira no mercado financeiro. O executivo, porém, trabalhou na construção de “robôs” que, baseados em parâmetros, tomam decisões de investimentos. Por oito anos, viveu cercado de matemáticos e desenvolvedores que o ajudaram a compreender as possibilidades tecnológicas.

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Assim como na XP, profissionais de outras companhias, provenientes de diferentes áreas, têm trilhado o caminho de CTO para CEO. Para Antonio Mendonça, da consultoria Korn Ferry, isso ocorre justamente porque a cadeira do CTO se “alargou” e agora o profissional precisa ter outras habilidades. “Em termos de visibilidade, nunca foi tão bom o cargo de CTO. Mas tudo depende do perfil da pessoa, de conseguir continuar crescendo e ser considerada alguém com potencial para CEO.”

Visão ampliada

CEO do Original Hub (empresa de tecnologia do Banco Original), Alexandre Conceição destaca a necessidade de o CTO ampliar sua visão do negócio, e não focar só na área técnica. Formado em Processamento de Dados, ele fez MBA em finanças e negócios e, por quase 20 anos, liderou equipes na área de tecnologia no Banco do Brasil. Antes de se tornar CEO do Original Hub, foi CTO do BB Tecnologia e Serviços.

“Acho que isso (chegar a CEO) acontece quando o profissional de TI busca formação e preparo. Quando trabalhei em Nova York, coloquei como meta voltar ao Brasil com formação acadêmica de uma instituição renomada. Aí passei dois anos fazendo formação voltada para estratégia. Se os profissionais de TI buscarem mais alinhamento ao negócio, vai ser mais frequente a presença deles em presidências.”

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