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Dólar cai 4,49% e Bolsa sobe 3,16% em semana marcada por vitória de Lula

Investidores viram com bons olhos o processo de transição, mas aguardam nomes da equipe econômica

Foto do author Luiz Guilherme  Gerbelli
Por Luiz Guilherme Gerbelli , Maria Regina Silva e Silvana Rocha
Atualização:

Na semana marcada pela vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na eleição presidencial, o mercado financeiro mostrou tranquilidade. O dólar acumulou queda de 4,49%, e o Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo, a B3, subiu 3,16%.

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Nesta sexta-feira, 4, a moeda norte-americana recuou 1,24%, cotada a R$ 5,0622. Já o Ibovespa subiu 1,08%, aos 118.155 pontos.

No cenário local, os investidores viram com bons olhos o processo de transição, que caminha para ser sem solavancos. No início da semana, o vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), foi oficializado como o nome da campanha de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para coordenar a passagem de governo, o que foi lido como uma sinalização ao centro político do governo eleito.

Geraldo Alckmin lidera a equipe de transição Foto: EVARISTO SA / AFP

Há outros pontos que ajudam a explicar essa semana mais positiva para os ativos brasileiros. O futuro governo Lula vai ter de negociar com um Congresso de perfil de centro-direita, o que dificulta alterações consideradas importantes pelo mercado financeiro, como da reforma trabalhista. Também terá um discurso mais amigável na política de meio ambiente.

“No curto prazo, isso corrige um pouco da gordura que o País tinha em alguns ativos, como é o caso do câmbio”, afirma Silvio Campos Neto, economista da consultoria Tendências. “Mas ainda é importante ter algum tipo de cautela por causa das indefinições em relação aos nomes da área econômica e também em como o novo governo vai lidar com os desafios fiscais.”

Hoje, o mercado tem duas grandes dúvidas. Além do nome que será escolhido para comandar a economia no governo Lula, há uma incerteza em relação ao montante bilionário necessário para acomodar todas as promessas de campanha, como Auxílio Brasil de R$ 600, reajuste real para o salário mínimo (entre 1,3% e 1,4%) e reforço de programas sociais.

Na quinta-feira, 3, a equipe de Lula indicou que deve apresentar na próxima semana uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Transição para possibilitar que novas despesas fiquem fora do teto de gastos. Essa licença para gastar - chamada de waiver - já tem batido em R$ 160 bilhões, acima dos R$ 100 bilhões, valor que foi visto por boa parte do mercado financeiro como aceitável num primeiro momento.

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Se não for possível levar a PEC adiante, a equipe de Lula estuda um plano B com o objetivo de abrir crédito extraordinário, também fora do teto de gastos, para bancar as promessas.

“Agora, a gente tem de esperar sinalizações mais firmes (do governo eleito). Por enquanto, há muita especulação. Na minha cabeça, o ideal é que sinalizem logo a equipe (econômica)”, afirma Alexandre Espírito Santo, economista-chefe da Órama Investimentos.

Cenário global

O cenário internacional também contribuiu para um tom mais otimista do mercado diante das indicações de que a China pode flexibilizar a sua política de covid zero, o que favoreceu as moedas ligadas ao comportamento das commodities, como é o caso do real.

“Os investidores precificam informações de que Pequim estaria elaborando um plano para começar a relaxar as restrições da política de covid zero até março de 2023″, disse Leonel Mattos, analista de inteligência do mercado da Stonex.

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