O presidente Fernando Henrique Cardoso disse hoje, em rápido discurso antes do almoço com o presidente argentino Eduardo Duhalde no Palácio do Itamaraty, que a alta do dólar e a elevação do risco Brasil são resultado de "um jogo de interesses". Segundo ele, a economia real não justifica a variação cambial, mas admitiu que a proximidade das eleições dá margem a ansiedades. "Mudanças costumam dar margem a expectativas e ansiedades, nem sempre por motivos racionais, mas trazem nervosismo aos mercados", disse o presidente. Segundo ele, nada justifica "as absurdas variações cambiais dos últimos dias e tampouco o aumento sem precedente do famigerado risco País". Na opinião do presidente, a oscilação no mercado decorrentes das expectativas sobre um novo governo "é como se a continuidade democrática nos dois países (Brasil e Argentina) ficasse sujeita a avaliações supostamente idôneas de consultores e operadores de mercado. O que determina o rumo de um país é a vontade soberana de seu povo, queiram ou não, os especuladores, disse o presidente. "Quando se olha a situação real da economia fica evidente que esses fenômenos são resultado apenas de jogo de interesses. Interesses que não são dos nossos países, nem são dos nossos povos", ressaltou. Fernando Henrique cobrou mais ajuda internacional à Argentina. Segundo ele, os organismos internacionais têm sido muito tímidos nesta questão.