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Fluxo cambial negativo decorre da crise nos EUA

O agravamento da crise financeira nos Estados Unidos inverteu o fluxo de dólares no início do ano no Brasil. Nas duas primeiras semanas de janeiro, o fluxo cambial - saldo da entrada e saída de moeda estrangeira em operações comerciais e financeiras - ficou negativo em US$ 2,18 bilhões. No mês anterior e em janeiro de 2007, o resultado foi positivo. A saída de investidores estrangeiros, principalmente da Bolsa de Valores de São Paulo, explicaria os números. A saída de mais de US$ 2 bilhões até o dia 11 passado foi determinada pelo setor financeiro, que teve fluxo negativo de US$ 3,495 bilhões. A contribuição da balança comercial foi positiva em US$ 1,315 bilhão, mas insuficiente para cobrir a retirada de bancos e corretoras. No mês anterior, em dezembro, foi registrada entrada de US$ 5,397 bilhões e em igual período de janeiro de 2007 (oito primeiros dias úteis), ingressaram US$ 3,088 bilhões. "O resultado é fruto do sentimento negativo gerado pelo agravamento das perspectivas da economia internacional. Para os estrangeiros, esse é um período de rever posições e muitos têm saído de mercados emergentes para cobrir prejuízos nos seus países de origem, em especial nos EUA", diz o economista-chefe do Banco Schahin, Silvio Campos Neto. A saída do estrangeiro tem ocorrido em segmentos específicos. O diretor da Modal Asset Management Alexandre Póvoa diz que o mercado de ações é um dos que mais têm sofrido. Dados da própria Bolsa mostram que investidores estrangeiros retiraram US$ 883 milhões de 2 a 10 de janeiro. "O que observamos é que há muitos investidores que têm preferido sair da Bolsa e retornar o dinheiro para o país de origem para esperar a turbulência passar. Enquanto isso, ele aguarda na renda fixa", diz Póvoa. Apesar da saída de dólares nos primeiros dias de 2008, o diretor do Modal não demonstra preocupação. "É importante observar que isso não tem nada a ver com o Brasil", diz, ao citar que os fundamentos brasileiros não tiveram modificações expressivas recentemente. O economista-chefe do Schahin avalia que a economia ainda deve sofrer com as turbulências externas. "Os números devem oscilar conforme o noticiário. Quando houver agravamento, a saída será mais intensa. Quando houver otimismo, pode haver entrada", diz.

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