A vice-diretora do FMI, Anne Krueger, disse que congratulou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo início da tramitação das reformas previdenciária e tributária e pelo esforço feito por ele para obter consenso em torno das medidas. Krueger disse que as reformas são um "passo crítico para resolver os desequlíbrios macroeconômicos do País" e destacou a necessidade de se avançar nesta área. Sobre a possibilidade de o País enfrentar uma nova crise, Krueger afirmou que, "gostando ou não", isso não depende da economia internacional. "Não acho que os riscos de uma nova crise no Brasil advenham de um horizonte da economia mundial, mas sim da forma como o governo vai conduzir a sua política econômica", disse. Segundo Krueger, embora Alemanha, França e Japão tenham problemas, outras partes da Ásia, como China, Coréia e Índia, estão crescendo em torno de 5%. "Estão indo muito bem e vão melhorar se todos melhorarem". Ela admitiu haver preocupação com os cenários internacionais, mas disse que se espera uma recuperação da economia norte-americana no segundo semestre. Acordo e capital A vice-diretora gerente do FMI, Anne Krueger, afirmou há pouco que, em sua visita de dois dias ao País, não foi discutida a possibilidade de renovação do acordo vigente com o fundo. "Não houve discussões sobre o tema", disse a número 2 do FMI. Ela disse que a entrada de capitais de curto prazo, que vem sendo verificada nos primeiros meses do governo Lula, é um processo natural diante das dificuldades enfrentadas pela economia brasileira no ano passado. Segundo ela, na medida em que a situação continuar a melhorar e for se construindo uma confiança no governo brasileiro, o País terá condições de novamente ver o ingresso de capitais de longo prazo. Inflação e superávit Sobre inflação, Krueger foi mais genérica e disse que boa parte da inflação verificada até agora ainda reflete a alta dos preços no final do ano passado. De qualquer forma, ela ressaltou que o Banco Central manteve a meta ajustada de inflação em 8,5% e ela acredita que existam condições para que essa meta seja cumprida. A vice-diretora-gerente do FMI disse que não deve haver mudanças na forma de se calcular o superávit primário, mesmo com a possibilidade de inclusão de metas sociais. Krueger disse que a definição de programas sociais cabe a cada país e afirmou que o superávit primário é o montante que é destinado ao serviço da dívida. Ela considerou importante para o Brasil a manutenção do superávit, pois ele permitirá a redução da dívida e auxiliará a retomada do crescimento, ajudando a população mais pobre. "É uma coisa que dá certo na consecução dos objetivos sociais", disse.