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Gasto previsto no Brasil, mesmo com arcabouço, é bem maior que o da América Latina, diz Campos Neto

Crescimento do País será mais baixo, com menor emprego, se dívida ficar desequilibrada, afirma presidente do Banco Central

Foto do author Thaís Barcellos
Foto do author Eduardo Rodrigues
Por Thaís Barcellos (Broadcast) e Eduardo Rodrigues

BRASÍLIA - O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta sexta-feira, 11, que, mesmo com a aprovação do novo arcabouço fiscal, o crescimento do gasto público previsto no Brasil nos próximos anos é bem maior que a média da América Latina.

“Em 2023, o crescimento real da despesa no Brasil é de 7,5%, contra 1% na América Latina. Para o período entre 2024 e 2028, está projetado para ter um (aumento de) gasto muito maior que a média do mundo emergente. Mesmo com o arcabouço fiscal, existe um desafio adicional para termos gastos em termos reais mais compatíveis com o resto do mundo”, afirmou, em palestra na Associação Comercial do Paraná, em Curitiba.

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Mais cedo, em outro evento na cidade, ele destacou que o gasto social é importante, mas deve ser feito de maneira sustentável. “Se, no final das contas, a dívida ficar desequilibrada, isso vai levar a um crescimento mais baixo, com menor emprego, que vai afetar a todos. O Brasil ainda tem um crescimento de gastos em termos reais que é estrutural, não é desse governo, já vem de muito tempo. Ainda temos muita coisa indexada em termos reais”, afirmou, em palestra no Fórum de Gestão Empresarial da Federação das Associações Comerciais e Empresariais do Estado do Paraná (Faciap).

Ainda assim, Campos Neto voltou a defender a aprovação de medidas de arrecadação para ajudar no equilíbrio das contas públicas no curto prazo. “Temos que fazer o ajuste mais em receitas, que é mais urgente. Mas no longo prazo temos que equilibrar a dívida também pelo lado dos gastos”, completou.

Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central Foto: Adriano Machado / Reuters

Inflação

O presidente do Banco Central reafirmou que o Brasil é um dos poucos países que está dentro das bandas de suas metas de inflação para os próximos anos. Segundo ele, o mercado vê queda mais forte de juros em países que anteciparam aperto, como Brasil.

“Os países que fizeram um trabalho mais rápido e mais intenso são os países em que o mercado começa a enxergar uma queda de juros mais consistente, como o Brasil e o Chile”, disse na Associação Comercial do Paraná.

“Estamos em processo de desinflação, mas a luta contra inflação não acabou. Queremos ter certeza de que vamos ter condições de estabilizar a inflação em nível baixo”, voltou a alertar. Ele repetiu a apresentação feita na quinta-feira, 10, no plenário do Senado.

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Campos Neto reafirmou ainda que o objetivo do Banco Central é fazer um “pouso suave” no combate à inflação. “Nosso objetivo é trazer a inflação para baixo, criando o mínimo possível de decréscimo em crescimento, emprego e crédito. Poucos países conseguiram trazer a inflação para baixo como o Brasil trouxe, com revisão de crescimento do PIB para cima, redução de desemprego e recuo pequeno no crédito”, reiterou.

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