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Brasil é 5º país com mais casos sobre mudança climática nos tribunais

Posição do País se deve ao aumento do desmatamento na Amazônia e ao enfraquecimento da política climática durante o governo de Jair Bolsonaro, aponta estudo

Foto do author Beatriz  Capirazi
Por Beatriz Capirazi
Atualização:

O Brasil é o quinto país com mais casos de litigância climática — ação contra empresas e governos que agravam a mudança do clima — nos tribunais, segundo o relatório Tendências Globais em Litígios Climáticos: Retrato de 2023, divulgado nesta quarta-feira, 28, pelo Instituto Grantham de pesquisa sobre mudança climática e meio ambiente da London School of Economics and Political Science.

Com 40 processos no total, o País só está atrás dos Estados Unidos (1.590), Austrália (130), Reino Unido (102), e Alemanha (59).

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Embora as ações sejam mais comuns em países ricos, as pesquisadoras à frente do estudo, a brasileira Joana Setzer e a britânica Catherine Higham, ambas da London School of Economics and Political Science destacam que a tendência é de aceleração nos países emergentes e pobres, principalmente desde 2020.

Setzer afirma que a posição em que o Brasil se encontra está diretamente ligada ao aumento do desmatamento na Amazônia e ao enfraquecimento da política climática durante o governo de Jair Bolsonaro.

Desmatamento cresceu no período em que Bolsonaro esteve no poder Foto: Tiago Queiroz / Estadão

Empresas em foco

O levantamento ainda aponta que grandes empresas e governos continuam sendo o maior alvo das ações. Além disso, o setor financeiro e as associações comerciais estão progressivamente entrando na linha de fogo do litígio climático.

As pesquisadoras afirmam que o número de casos se deve ao fato de que os casos de “estelionato verde” cresceram significantemente em 2022. Para elas, o fato de tantas empresas de renome estarem envolvidas coloca em dúvida os compromissos com o clima e a veracidade de suas metas de emissões zero líquidas, o Net Zero.

Para as autoras do estudo, a tendência é que os processos se concentrem cada vez mais em como as soluções climáticas divulgadas estão sendo implementadas na prática.

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“O aumento de casos contra entidades corporativos destacados neste relatório deve soar o alarme nas salas de reuniões e fazer com que aqueles que não têm planos de negócios robustos alinhados a Paris parem para pensar”, afirma Laura Clark, CEO da ClientEarth.

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