Após reunião no Ministério da Fazenda, a senadora do PT, Ideli Salvatti (SC), antecipou duas medidas para estimular as vendas de materiais de construção civil, acertadas por ela, representantes do setor e o secretário de Política Econômica, Nelson Barbosa. A primeira medida prevê a ampliação de uma resolução do Banco Central, que determina que 2% do recolhimento compulsório sobre depósitos à vista sejam dirigidos a operações de financiamento de microcrédito. A ideia é incluir a aquisição de material de construção pelas pessoas físicas na lista de atividades que podem se beneficiar do microcrédito, o que não ocorre atualmente. "Eles vão incluir isso, vão deixar explícito, para estimular o efeito formiguinha", disse Ideli. Segundo a senadora, essa medida está acertada e a mudança terá impacto importante no setor. "Os 2% do compulsório são muita coisa e o setor vê essa medida com muita importância", disse. Ideli avalia ainda que os juros desses financiamentos vão cair, pois a taxa do microcrédito é inferior à do mercado. A segunda medida, segundo a senadora, vai desburocratizar as exigências que a Caixa Econômica Federal mantém para a concessão do Construcard, que é o financiamento para obras em residências, com juros mais baratos. A senadora explicou que a CEF ampliou de R$ 7 mil para R$ 25 mil o valor do financiamento, mas as exigências bancárias continuaram as mesmas - fiança e avalista . "Ampliou, mas não surtiu o efeito que precisaria e a Caixa vai desburocratizar", disse. A senadora antecipou também que a CEF apresentou uma sugestão para que o crédito ofertado para a pessoa física tenha como avalista a loja de construção. "A loja conhece essa clientela, eles funcionam na base do caderninho", disse a senadora, destacando que 70% do cimento produzido no Brasil e 90% da venda de tintas são absorvidos pelo "mercado formiguinha". Ideli afirmou ainda que, amanhã, a equipe econômica levará as medidas ao presidente Lula. Segundo ela, o pacote, que inclui outras medidas para a área de habitação e ampliação do crédito, será anunciado provavelmente na próxima semana. Ela esteve reunida com o secretário de Política Econômica, Nelson Barbosa, e com dirigentes da indústria e do comércio de construção civil, nesta manhã, no Ministério da Fazenda. A senadora saiu da reunião de hoje com a avaliação de que o pacote não deverá conter medidas de desoneração tributária. "Sem o decreto de programação orçamentária, é impossível discutir qualquer anúncio de desoneração. E ainda não está bem clara a situação da crise. Então, não sei se vão ser adotadas medidas de desoneração de imediato", disse. "Vai depender, obviamente, do presidente", acrescentou.