Boa parte do dinheiro estrangeiro que deixou o Brasil nos últimos meses tem sido usada para cobrir os rombos provocados pelo mercado americano de subprime (hipotecas de alto risco). Até agora, a Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) foi a mais prejudicada pela fuga de recursos. Só nos meses de junho e julho a saída de capital externo somou R$ 15 bilhões. Tudo isso exatamente porque a bolsa paulista teve desempenho excepcional nos últimos anos, o que proporcionou ganhos expressivos a fundos de investimentos e instituições financeiras que administram fortunas de milionários estrangeiros. Mas, com a dificuldade enfrentada especialmente nos Estados Unidos, esses investidores passaram a priorizar a venda de ativos aqui, onde há liquidez, para cobrir perdas lá fora. Do lado corporativo, os exemplos não são diferentes. No primeiro semestre de 2008, empresas instaladas no Brasil fizeram remessas recordes de lucros e dividendos para as matrizes no exterior. Segundo o Banco Central (BC), o volume de recursos somou US$ 18,99 bilhões no período, quase o dobro do valor de igual período do ano passado. Entre os setores que mais remeteram lucros estão os que enfrentam dificuldades em seus países de origem. É o caso do automotivo e de serviços financeiros, com US$ 2,76 bilhões e US$ 2,40 bilhões, respectivamente. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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