Segundo Mendonça de Barros, a economia brasileira passa hoje por uma terapia recessiva porque não fez os ajustes que deveria ter realizado três anos atrás. Mas, nem por isso, ele considera o quadro desesperador. "Se eu fizer uma levantamento hoje de como estão os negócios, todo mundo vai responder que estão um desgraça, que o Brasil vai virar uma Argentina. Mas isso não é verdade."
Para Mendonça de Barros, os tempos serão difíceis para a economia brasileira até o final do ano que vem, com inflação alta e recessão. Mas ele acredita que, passado o ajuste, o País inicia um novo e longo período de crescimento. O fundamento para isso, segundo presidente do conselho da Foton no Brasil, é o grande mercado consumidor brasileiro, sustentado pela formalização do emprego. Com a recessão, "a formalização pode cair um pouco, mas o quadro não vai mudar", previu.
Ele contou que em umdebate recente do qual participou nos Estados Unidos, um ex-ministro do Peru presente ao evento relatou que em seu país a situação era exatamente oposta à do Brasil, com 70% dos trabalhadores na informalidade e apenas 30% formais.
Um ponto destacado pelo economista no processo de ajuste pelo qual o País está passando para colocar a casa em ordem foi a recente publicação do balanço da Petrobrás. Nesse ponto, Mendonça de Barros faz coro com a presidente Dilma Rousseff ao afirmar que, com a divulgação das demonstrações financeiras, a empresa vira uma página. "O balanço da Petrobrás hoje é o mais perfeito que existe na indústria do petróleo porque foi feito algo que nenhuma empresa do setor faz, que é a marcação a mercado dos ativos da companhia."
Com essas mudanças, o economista acredita que a análise que prevalecia até poucos meses atrás de que o País caminhava para o precipício não é válida. "Hoje estamos nos afastando do precipício e é preciso ter um plano de voo para os negócios que não só leve em consideração as dificuldades dos próximos dois anos, mas também que mantenha acesa a capacidade de olhar para frente e de tomar as decisões corretas. É preciso ter um olho no peixe e outro no gato", recomendou.