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Mubadala pretende investir US$ 13,5 bilhões em biocombustíveis no Brasil

Presidente do Mubadala Capital no Brasil falou ao jornal ‘Financial Times’ sobre o planejamento do fundo soberano para o País

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Por Clayton Freitas
Atualização:

A gestora de ativos Mubadala Capital, de Abu Dhabi, planeja investir US$ 13,5 bilhões na próxima década em um grande projeto de biocombustíveis no Brasil. O fundo soberano também pretende expandir seus investimentos para outras áreas, criar uma bolsa de valores para rivalizar com a B3 e levar adiante a ideia de criar a Liga do Futebol Brasileiro, a Libra.

Os planos da gestora foram relatados por Oscar Fahlgren, presidente da Mubadala Capital no Brasil, em entrevista ao jornal Financial Times. A reportagem foi publicada neste domingo, 5. Nela, Fahlgren detalhou o orçamento para produção de diesel renovável e querosene de aviação “sustentável”. Ele diz na entrevista que o processo se valerá de matéria vegetal não alimentar. “O Brasil é provavelmente o país mais bem colocado do planeta quando se trata de proficiência agrícola por causa do clima e do solo fértil”, afirmou o executivo ao Financial Times.

Refinaria de Mataripe, ex-Landulpho Alves (Rlam), na Bahia, é um dos investimentos do fundo soberano no Brasil.  Foto: Acelen/Divulgação

Fahlgren afirmou ao jornal que a empresa de energia da Mubadala, a Acelen, terá cinco módulos de US$ 2,7 bilhões cada. O primeiro deles deve entrar em operação até o final de 2026, ainda segundo a reportagem. Cada um desses módulos deve abrigar uma biorrefinaria com capacidade de produção de 20.000 barris de combustível por ano, informa o Financial Times. A Acelen é controladora da refinaria de Mataripe, na Bahia. O fundo investiu R$ 1 bilhão para modernizar as operações da planta.

Outros negócios

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Em seu site, o fundo informa ter US$ 276 bilhões em ativos e tem operações em 50 países. As empresas do portfólio incluem indústrias dos setores espacial, de semicondutores, metais, mineração, tecnologia farmacêutica e médica, serviços públicos e agronegócio.

O Financial Times descreve assim a chegada do fundo soberano no Brasil: o fundo entrou no País em 2012, com investimento de R$ 2 bilhões para apoiar o Eike Batista. No ano seguinte, o ex-magnata viu seu império de energia e commodities ruir. Com isso, o Mubadala se tornou o principal credor da holding de Batista, EBX, e assumiu a propriedade de vários dos seus ativos, o que “incluiu a participações em portos e minas”, cita o jornal.

O fundo de investimentos também controla a MC Brazil Motosport Holdings S.A., mais conhecida como Brasil Motosport, promotora exclusiva da Fórmula 1 em São Paulo.

Outra investida no fundo no setor dos esportes está na criação da Liga Brasileira de Futebol (Libra), que tem o Mubadala como principal investidor. O projeto de vender os direitos de transmissão do Campeonato Brasileiro por meio da liga ficou distante, segundo reportagem do Estadão, porém, o executivo disse ao Financial Times que o projeto continua nos planos do fundo.

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Ao abordar a ideia de criar uma nova bolsa de valores, Fahlgren disse ao Financial Times que ela deve começar as suas operações em 2025, com ações e depois expandindo. “Nenhuma classe de ativos está fora de questão”, adiantou o executivo ao jornal. Ele afirmou ao jornal ainda que o “Brasil é um país muito grande” e que apenas uma bolsa de valores é uma “infraestrutura abaixo do ideal para os players que operam neste segmento”.

A informação de que a gestora de fundos queria instalar uma nova bolsa de valores no Brasil foi publicada inicialmente na coluna do jornalista Lauro Jardim, do O Globo, e posteriormente confirmada pelo Estadão/Broadcast.

O escopo do projeto prevê que a sede da nova Bolsa seja no Rio e que ela terá operação em todos os mercados, de câmbio, passando por derivativos, a ações. O projeto ainda depende de aprovação dos órgãos reguladores. Segundo o Estadão/Broadcast, quem deverá tocar o novo negócio é Claudio Pracownik, atual CEO das Americas Trading Group (ATG), controlada pela Mubadala Capital.

Ainda no Brasil, segundo o Financial Times, o fundo soberano participa de áreas como mobilidade - detém a Metrô Rio - e universidades médicas, além de possuir a cota maioritária na marca Burger King no País.

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