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'Não dá para imaginar que um gestor competente vai resolver os problemas do Brasil', diz Setubal

O presidente do Itaú Unibanco sairá do posto no final deste mês, após 23 anos, passando o bastão para Candido Bracher

Foto do author Eduardo Laguna
Foto do author Aline Bronzati
Por Eduardo Laguna (Broadcast) e Aline Bronzati (Broadcast)
Atualização:

O presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, afirmou que não é possível imaginar que um "gestor competente" vai resolver os problemas do Brasil. "A interação com a sociedade, com o Congresso, é uma atividade política. Não basta colocar um gestor competente. O que a gente precisa é de bons políticos", assinalou ele nesta terça-feira, em evento do Itaú Unibanco. Após 23 anos no comando do banco, no final deste mês, Setubal passa o bastão para Candido Bracher. Ao responder uma pergunta a respeito do surgimento de mais empresários na política, Setubal afirmou que vê espaço para que aqueles que gostam de política tentem uma nova carreira. Considerou ainda que os empresários podem trazer uma forma diferente de ver a política e de gerir a coisa pública. Mas avaliou que, no fim, o que o Brasil precisa é de "bons políticos".

O presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal Foto: Alex Silva/Estadão

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Ao iniciar sua resposta, o presidente do Itaú Unibanco deixou claro que não tem pretensão a concorrer a nada. "Posso contribuir muito ao Brasil na iniciativa privada". 

Plano Real. O maior desafio em seus 23 anos como presidente do Itaú Unibanco foi o Plano Real, de acordo com Roberto Setubal. Ele lembrou que aquele momento foi difícil para a instituição. “Eu era muito jovem, tinha 39 anos e acabado de assumir o banco, quando tivemos uma mega mudança na dinâmica toda de resultado, sistema financeiro e tudo mais”, recordou. Ele destacou que o crédito teve uma “mega expansão” na época, mas que foi seguida de uma “mega inadimplência” em meio a juros “muito elevados” após a implementação do Plano Real, na casa dos 40% ainda que a inflação girasse em torno dos 3%. “Foi um momento super difícil. O banco rodou alguns meses no prejuízo. Foi uma mega responsabilidade e um mega susto, mas depois superamos bem”, disse ele. Setubal, que foi sabatinado pelo economista-chefe do Itaú Unibanco, Mario Mesquita, durante o último evento como presidente da instituição, destacou que banco é “muito complicado” e exige vigilância constante para que não saia dos trilhos. Se tem uma coisa que tira o sono de um banqueiro, segundo ele, é a inadimplência. “Tira o sono mesmo. Temos de estar ligados para o banco não sair do trilho. Quando está nos trilhos, tudo bem, mas quando sai para colocar no trilhos é duro”, afirmou.Despedida. O presidente do Itaú Unibanco afirmou que deixa o cargo com uma sensação de “realização enorme”. Apesar dos desafios, ele resumiu o período como "fantástico" para a história dos bancos no País. Setubal sairá do posto no final deste mês, após a assembleia geral de acionistas, que acontece amanhã (19) e ainda a reunião do Conselho de Administração do Itaú, agendada para o dia 27.

No período em que comandou o Itaú, o banco entregou retorno de mais de 20% ao ano. Setubal, que atingiu a idade limite de 62 anos para o cargo de diretor-presidente, passa a atuar, em conjunto com Pedro Moreira Salles, como co-presidente do Conselho de Administração da organização. Em sua gestão, conforme o executivo, o banco teve sua estrutura alterada e foi preparado para o movimento de transição por qual a instituição passaria. “Tivemos a possibilidade de fazer um planejamento e anunciar um presidente de qualidade. Candido (Bracher) está super preparado para assumir o banco. Fizemos uma transição muito adequada”, destacou. Conforme ele, Bracher, que tirou a semana de férias antes de assumir a presidência do banco, no final do mês, atuou, desde outubro, em cima de sua agenda e tomou “pé” das coisas com calma. Nos últimos dois meses, garantiu Setubal, o executivo presidiu as reuniões da instituição enquanto ele ficou do lado “ouvindo e dando sugestões”. O atual presidente do Itaú disse ainda que o banco, ao longo dos últimos dois anos, rediscutiu sua governança e evoluiu. De acordo com ele, o fato de ser CEO do banco há mais de 20 anos, membro do Conselho, controlador cria uma combinação de papéis, dão uma “força muito grande” para a instituição. “Estamos bem arrumados em termos de como o banco vai continuar operando e mantendo o nível de alta performance”, concluiu Setubal. 

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