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Captalys fecha fundo Orion para novas aplicações após resgates de R$ 1,2 bilhão

Gestora tenta conter danos e garante que vai retornar o capital dos cotistas integralmente, já que o fundo opera no vermelho

Foto do author Cynthia Decloedt
Atualização:

Após resgates de R$ 1,2 bilhão, a gestora Captalys informou a seus clientes nesta terça-feira, 4, o fechamento de seu fundo Orion para novas aplicações. De acordo com comunicado que foi distribuído a clientes e obtido pelo Estadão/Broadcast, a presidente da Captalys, Margot Greenman, vai se dedicar exclusivamente a retornar o capital integralmente aos cotistas, conforme o regulamento do fundo. O Orion tinha patrimônio de R$ 1,65 bilhão. Procurada, a Captalys não quis se pronunciar.

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Os problemas com o fundo começaram a ficar explícitos há duas semanas, quando a Captalys anunciou revisão no valor dos ativos nos quais o Orion investe. Essa marcação de preço atingiu 6 dos 27 fundos nos quais estão aplicados o patrimônio dos cotistas. No mercado, o comentário era de que a Captalys demorou para realizar o ajuste e que as indicações de resgate no fim de setembro, uma das datas previstas para os investidores sacarem recursos, aceleraram o processo.

Em conversa com o Estadão/Broadcast na última semana de setembro, Greennam explicou que a Captalys decidiu provisionar todos os créditos de uma “carteira fumaça”, ou seja, lastreada em recebíveis, que estavam atrasados havia mais de 60 dias. Isso teria, segundo ela, provocado uma elevação nas provisões na ordem de R$ 40 milhões. Na última sexta-feira, 30, o mercado especulava que o montante seria muito maior.

A presidente da Captalys, Margot Greenman, vai se dedicar exclusivamente a retornar o capital integralmente aos cotistas Foto: Leonardo Rodrigues

BTG de olho no ativo

Além disso, a Captalys trouxe a valor de mercado vários créditos diretos já inadimplentes concedidos a empresas, em sua maior parte loteadoras de terrenos. Greenman afirmou na mesma entrevista que a empresa pode vender alguns desses créditos inadimplentes com a intenção de “cuidar do patrimônio dos cotistas”. Segundo Greenman, ambos os ajustes teriam levado o fundo a um retorno negativo de 4,5%, o primeiro prejuízo dos 11 anos de história do fundo.

Circulam ainda comentários de que o BTG Pactual pode acabar intervindo na Captalys, uma vez que é detentor de uma debênture de R$ 90 milhões conversível em ações. Fontes chegam a comentar que o BTG poderia assumir a gestora. Vale lembrar que o BTG já é dono da empresa Enforce, especializada na compra e venda de créditos “podres”.

Essas debêntures foram emitidas para respaldar a empresa no processo de listagem em Bolsa da Captalys, que estava previsto para 2020 e não aconteceu. Ao mesmo tempo, os recursos seriam usados para financiar ao crescimento da gestora.

Procurado, o BTG não se pronunciou imediatamente sobre o tema.

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