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Comprador estrangeiro mantém apetite enquanto brasileiro se retrai no 1º semestre

Mercado de fusões e aquisições teve queda de janeiro a junho no País, mas interesse do investidor internacional foi perene enquanto empresas brasileiras tiraram pé do acelerador

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Por Lucas Agrela

O número de acordos de fusões e aquisições no Brasil no primeiro semestre de 2022 caiu 7% em relação ao ano anterior, passando de 116 para 108. Em termos de valor, a queda foi mais intensa, de R$ 180 bilhões para R$ 101 bilhões, tombo de 44%. O cenário é motivado pela queda dos investimentos de empresas nacionais na aquisição de negócios. Com isso, a presença relativa das empresas estrangeiras nesses acordos no País subiu de 37% no primeiro semestre de 2021 para 46% na primeira metade de 2022, segundo relatório da RGS Partners.

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O montante de dinheiro nessas transações não aumentou, mas as empresas estrangeiras foram mais constantes do que as brasileiras na compra de novos negócios. Ou seja, a queda dos estrangeiros foi menor do que a que aconteceu em meio aos investidores locais, o que levou à participação financeira de 25% nos acordos de M&A até junho de 2022, ante os 19% no mesmo período no ano passado.

O maior acordo com empresa estrangeira foi a venda de parte da Unidas Rent a Car e um fundo administrado por afiliadas da canadense Brookfield Asset Management por R$ 3,5 bilhões, firmada em junho. A transação envolveu a negociação dos 49 mil carros da locadora.

Um mês antes, a americana Darling Ingredients, especializada na reutilização de resíduos de origem animal para produção de insumos para alimentos e rações, anunciou a compra do Grupo Fasa, do mesmo segmento, por R$ 2,8 bilhões. Em operações locais, o maior negócio do semestre foi o acordo de fusão de R$ 15,5 bilhões entre SulAmérica e Rede D’or.

Para Guilherme Stuart, sócio fundador da RGS Partners, devido às mudanças nas empresas em função da tecnologia, a competitividade pode vir apenas das aquisições. Por isso, as agendas continuaram e devem se manter ativas em 2022, mesmo com as eleições presidenciais e o cenário macroeconômico desafiador para o mercado global.

“Houve uma redução importante dos investimentos em relação a 2021, devido à inflação, à taxa de juros e à guerra na Ucrânia. Isso levou a um conservadorismo dos investidores. A redução de volume de investimentos acontece com maior intensidade durante a subida ou a queda da taxa de juros, porque não sabemos aonde vamos parar. Hoje, devemos estabilizar a economia e até haver redução de juros”, diz.

Eleições

Com a definição do Poder Executivo no País, Stuart não vê um aumento de aquisições de empresas brasileiras por companhias internacionais. Para ele, o interesse em países como o Brasil é de longo prazo, e os investidores só tendem a se afastar de países que não são democráticos.

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“Não há indicações claras que haverá um destravamento de investimentos com o fim das eleições. No mercado de aquisições, não houve, como nas últimas duas eleições, uma pausa. Os processos atropelaram as eleições. O Brasil não vai ser radicalmente transformado por um candidato ou por outro, e isso é muito bom. O lado mais otimista é que vivemos em um mundo em que se falava de desglobalização. Não acredito nisso, mas sim na saída de países não democráticos, como a China. O Brasil não é perfeito, mas é melhor do que muitos lugares”, afirma.

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