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Brasil voltará a atrair capital externo, mas Ásia deve se destacar, diz economista do Goldman

Executivo diz que o País se destaca entre outros mercados emergentes por fatores, como o mercado de ações diversificado em vários setores

Por Caroline Aragaki e Maria Regina Silva
Atualização:
Foto: Acervo pessoal
Entrevista comCaesar MaasryChefe de mercados emergentes e investimentos globais do Goldman Sachs

O Brasil continuará a atrair fluxo de recursos estrangeiros em 2024, porém não deve ser o destaque na comparação com outros países emergentes. A avaliação é do chefe de mercados emergentes e investimentos globais do Goldman Sachs, Caesar Maasry. Segundo ele, nos últimos dois anos, o índice MSCI Brasil, que acompanha ações de 50 médias e grandes empresas brasileiras, já superou o MSCI de mercados emergentes em 48%.

“Acreditamos que existem outras oportunidades taticamente mais atraentes nas ações dos mercados emergentes, especialmente na Ásia”, diz, ponderando que a diversificação do País em termos de setores é um diferencial em relação a seus pares. Leia abaixo os principais trechos da entrevista:

Qual a expectativa do Goldman Sachs em relação ao apetite do investidor estrangeiro para a Bolsa brasileira?

Nosso cenário-base estima um ambiente mais favorável ao apetite a risco em mercados emergentes. Por exemplo, esperamos que o dólar americano recue de suas máximas e que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) corte a taxa de juros cinco vezes em 2024, a um ritmo de 25 pontos-base por corte. Porém, um dos ingredientes importantes e que ainda está em falta é a melhoria do diferencial de crescimento entre as economias emergentes e as desenvolvidas. Não esperamos uma melhoria significativa do crescimento dos emergentes em 2024.

Caesar Maasry, chefe de mercados emergentes e investimentos globais do banco Goldman Sachs Foto: Acervo pessoal

Considerando a atratividade, o Brasil ainda se destaca entre os demais mercados emergentes?

O Brasil se destaca entre outros mercados emergentes por vários fatores: é um mercado de ações diversificado e não concentrado apenas em um ou dois setores. Mas o Banco Central avançou neste ciclo econômico e isso já gerou um desempenho superior significativo do Brasil - o MSCI Brasil superou o MSCI em 48% nos últimos dois anos. Acreditamos que existem outras oportunidades taticamente mais atraentes nas ações dos mercados emergentes, especialmente na Ásia.

Quais setores devem ser mais atrativos para os estrangeiros na Bolsa brasileira em 2024?

No Brasil, continuamos focados no setor financeiro. Isso porque é um setor que tende a apresentar um desempenho superior durante o ciclo de queda da Selic, bem como durante períodos de redução das taxas de juros longas na economia global.

As expectativas de redução dos juros nos Estados Unidos beneficiam o Ibovespa?

A queda das taxas dos EUA tem sido útil para os ativos dos mercados emergentes, particularmente através da perspectiva de um dólar mais fraco. Há margem para que esse alívio continue, mas pensamos que será difícil para o mercado precificar mais cortes do Fed puramente numa perspectiva de desinflação. A história sugere que cortes mais significativos nas taxas tendem a ser precificados quando o mercado está preocupado com o crescimento; e esse ambiente não seria útil para os ativos brasileiros ou emergentes.

Para o Ibovespa, o sr. vê mais riscos de alta ou de baixa em 2024?

Nossa perspectiva está mais focada nos riscos descendentes. Estamos menos preocupados com os riscos de uma aceleração da inflação local, uma visão que aumentou nos mercados nas últimas semanas, mas ainda há riscos negativos para o crescimento global. Os potenciais cortes nas taxas de juros nos EUA e no Brasil não são suficientes para compensar uma grande surpresa negativa de crescimento.

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