O ex-presidente da Vale, Murilo Ferreira, assumiu no mês passado o cargo de diretor independente da Brookfield. A informação consta no site da gestora canadense.
Após quase seis anos à frente da Vale, o executivo deixou a mineradora em abril, quando terminou seu contrato. Em fevereiro, próximo de completar 65 anos, Ferreira defendeu que essa é a idade limite para a atuação de diretores, indicando que poderia deixar o cargo em breve.
A sucessão colocou a companhia no alvo de uma disputa política liderada pelo PMDB e o PSDB de Minas Gerais, estado onde a Vale concentra boa parte de suas operações. A proliferação de notícias de que Ferreira estaria se movimentando nos bastidores para permanecer no cargo teria acelerado a saída do executivo. Segundo fontes, ele preferiu deixar a companhia antes de um desgaste maior, como ocorreu com seu antecessor, Roger Agnelli, falecido no ano passado, que viveu uma queda de braço com o governo do PT antes de deixar a Vale.
A pressão em relação ao tema cresceu após o anúncio do novo acordo de acionistas, que pôs fim à Valepar, holding que controla a mineradora e reúne fundos de pensão estatais (capitaneados pela Previ), BNDES, Bradespar e Mitsui. A mudança tende a blindar a Vale, no futuro, de ingerência política.
Foi também na gestão de Ferreira que a Vale enfrentou sua maior crise, com o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, operada pela Samarco, joint venture com a BHP Billiton. O episódio gerou forte desgaste à imagem da companhia e, por tabela, à de Ferreira. No auge da tragédia ambiental, a Vale tentou se desvincular do acidente, alegando ser uma “mera acionista” da empresa.
O executivo Fabio Schvartsman, ex-presidente da fabricante de celulose Klabin, foi escolhido para a presidência da Vale em março deste ano, em substituição a Murilo Ferreira. Na ocasião, a informação foi antecipada pela colunista Sonia Racy, do Estadão.
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