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Por que aérea de baixo custo da Argentina hesita em entrar no mercado doméstico brasileiro

Flybondi tem participação de mercado de cerca de 5% nos voos entre Brasil e Argentina; no trecho entre Buenos Aires e Rio de Janeiro, número sobe para 30%

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Por Elisa Calmon
Atualização:

São Paulo - A Flybondi, aérea low cost argentina que já opera voos do seu país de origem para o Brasil, tem flertado com o mercado local. No entanto, os altos índices de judicialização por aqui deixam a companhia receosa de levar esse plano adiante, segundo o CEO, Mauricio Sana.

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O executivo considera que o forte potencial do Brasil, que inclui o tamanho da população e as grandes distâncias, acaba ficando em segundo plano. “É um mercado atrativo para qualquer operadora, mas temos fortes barreiras de entrada”, diz Sana.

A maior delas é o alto número de processos judiciais movidos por passageiros contra as aéreas. Para o executivo, isso elimina a possibilidade da Flybondi operar domesticamente no Brasil, já que a proposta da companhia é oferecer preços mais competitivos, o que se torna inviável quando o risco operacional é muito grande.

Ainda de acordo com Sana, a aérea argentina tem buscado dialogar com as autoridades brasileiras para reduzir os níveis de judicialização. “Só podemos planejar uma entrada doméstica no Brasil se houver alguma flexibilização e um melhora no entendimento jurídico”, afirma.

Avião da Flybondi: 20 voos semanais com viagens de Buenos Aires para São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis Foto: Flybondi

O CEO da Flybondi avalia que as autoridades brasileiras estão dispostas a dialogar sobre o assunto, já que é do interesse do governo criar condições para que as viagens aéreas se tornem mais acessíveis.

Na última semana, Sana se reuniu com o secretário Nacional de Aviação Civil do Ministério de Portos e Aeroportos (MPOR), Juliano Noman, e o diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Ricardo Catanant, para reafirmar o interesse em operar voos domésticos no Brasil. O encontro aconteceu no México, durante a conferência da Associação Latino-americana e do Caribe de Transporte (Alta).

Em agendas recentes, o ministro e Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, reforçou que a pasta tem aberto diálogo para atrair empresas low cost para o Brasil.

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Novas rotas

Enquanto isso, o plano da companhia, segunda maior do mercado argentino, com 20% de participação no mercado de lá, é ampliar as rotas entre os dois países. Atualmente, a Flybondi opera mais de 20 voos semanais com viagens de Buenos Aires para São Paulo, Rio de Janeiro e Florianópolis.

A aérea tem uma participação de mercado de cerca de 5% nos voos entre Brasil e Argentina. No trecho entre Buenos Aires e Rio de Janeiro, o número sobe para 30%.

“Os números são muito satisfatórios, com altas taxas de ocupação, e nos fazem pensar em ampliar rotas e aumentar a frequência de voos”, diz Sana.

A Flybondi espera oferecer novas rotas a partir do primeiro trimestre de 2024. Belo Horizonte, Porto Alegre e Brasília podem ser alguns dos destinos brasileiros adicionados ao itinerário da companhia no próximo ano.

A empresa tem uma frota de 15 aviões Boeing 737-800 NG com 189 assentos de classe única. Na Argentina, voa para 17 destinos: Buenos Aires, Bariloche, Corrientes, Córdoba, Comodoro Rivadavia, El Calafate, Jujuy, Mendoza, Neuquén, Posadas, Iguazú, Salta, Santiago del Estero, Trelew, Tucumán, Puerto Madryn e Ushuaia.

Nasdaq

Recentemente, a Flybondi deu início ao processo de listagem na Nasdaq, em Nova York. Os trâmites devem ser concluídos até o final do primeiro semestre de 2024.

De acordo com Sana, o processo de IPO não tem a ver com necessidade de capital ou mudança de investidores, mas sim com um planejamento de longo prazo.

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“Não podemos esperar ter necessidade de capital primeiro para depois iniciar os trâmites. Estamos deixando tudo pronto para se em algum momento esse dia chegar”, afirma o CEO da Flybondi.

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