Fundos de pensão usam crise para investir

Petros, da Petrobrás, e Previ, do BB, fizeram mudanças em suas carteiras de investimento nas últimas semanas

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Foto do author Renata Agostini
Por Renata Agostini e Renata Batista

RIO- A turbulência da última semana levou os dos maiores fundos de pensão do País, o dos funcionários da Petrobrás (Petros) e dos empregados Banco do Brasil (Previ), a atuarem na tentativa de aproveitar a volatilidade no mercado. Executivos de fundos de pensão se reuniram em evento no Rio, nesta terça-feira, 12.

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A Petros foi a mais agressiva. Apenas na última semana desembolsou R$ 1,4 bilhão em ativos de sua carteira para a compra de títulos públicos e investimentos em renda variável. 

Apenas na última semana, a Petrosdesembolsou R$ 1,4 bilhão em ativos de sua carteira para a compra de títulos públicos e investimentos em renda variável Foto: Dario Oliveira|Estadão

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Para Walter Mendes, presidente do fundo, o mercado estava excessivamente otimista. E a fundação, que já antecipava volatilidade ao longo do ano, estava preparada para a investida. Após vender uma série de participações em empresas, como fatias na Itaúsa e no Iguatemi, tinha recursos em caixa.

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O fundo desembolsou mais de R$ 1 bilhão com NTN-Bs e ampliou posição em renda variável em mais R$ 400 milhões – recursos que serão investidos por meio de gestores contratados –, segundo o diretor de investimentos da Petros, Daniel Lima. 

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E a estratégia de compra de títulos públicos deve se manter no segundo semestre, disse Lima, que projeta cenário incerto. “Até o primeiro turno da eleição, podemos esperar volatilidade.”

Maior fundo de pensão do País, a Previ também aproveitou a oportunidade de ganho no mercado de títulos públicos. “As curvas de renda fixa aumentaram momentaneamente, então pegamos o dinheiro que tínhamos e aplicamos”, disse Gueitiro Genso, presidente da Previ, explicando que havia recursos aplicados com liquidez diária provenientes da venda recente de ativos. 

O revés nas expectativas, porém, não motivará movimentos estratégicos de compra em renda variável, segundo o executivo. “Não somos investidores ativos no sentido de bolsa desceu, então eu vou lá e compro. Miramos longo prazo e a entrega de dividendos”, afirmou Genso. 

Ao contrário de outras fundações, a Previ trabalha para reduzir a participação de renda variável em seu plano principal, que hoje tem 48% dos recursos nesse tipo de ativo. A queda no preço das ações leva a Previ a suspender movimentos de venda.

De olho. Funcef e Valia, fundos de pensão da Caixa Econômica Federal (CEF) e da Vale, respectivamente, também analisam com interesse o cenário no mercado de títulos públicos, mas não tomaram decisão.

“O mundo é assim, cíclico. O estresse para os outros talvez seja oportunidade para fundos de pensão”, disse o diretor superintendente da Valia, Edécio Brasil. O presidente da Funcef, Carlos Vieira, afirmou que a volatilidade dos últimos dias foi inesperada. Segundo ele, a ordem na Funcef, que buscará equacionar seu déficit ao longo dos próximos 18 anos, é evitar decisões imediatistas. 

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