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Gigantes regionais do atacarejo estão prontas para ir às compras, mas faltam ativos no mercado

Em meio à expansão do modelo de negócio, grupos como Pereira, Muffato e Spani buscam alternativas para manter o crescimento com aquisições

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Por Talita Nascimento
Atualização:

À procura de compradores, o Makro acabou trazendo nomes de redes de atacarejos regionais para o noticiário. Em expansão, grupos como Pereira, Muffato e Spani avaliaram o ativo, mas desistiram da compra ao ver contingências do negócio. O que ficou claro, porém, é que esses grupos têm apetite por crescimento via aquisições - o que é importante: caixa para fazê-las. Os negócios disponíveis para comprar é que são raros.

Em geral, o modelo de atacarejos costuma gerar caixa para as companhias, financiando o crescimento orgânico das redes. Para o sócio da consultoria especializada em varejo Mixxer, Eugênio Foganholo, esse é um modelo de negócios vencedor no varejo alimentar e, portanto, deve seguir em expansão, sobretudo orgânica, mas sem desconsiderar as raras oportunidades de aquisição que aceleram os processos de crescimento das redes.

Em 2022, nomes regionais como Pereira, Muffato e Spani ganharam projeção no mercado nacional. Foto: Divulgação/Muffato

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Esse é o caminho trilhado pela Spani. “Com um planejamento estratégico muito bem estruturado, podemos dizer que, desde sua fundação, o Grupo Zaragoza está focado na expansão das operações da bandeira Spani. Nosso planejamento prevê um crescimento orgânico para 2023, mas estamos analisando as oportunidades de aquisições que estão no mercado e atentos às novas que possam surgir”, afirma Cléber Gomez, diretor-presidente do Grupo Zaragoza, dono do Spani.

Segundo ele, o grupo, que deve fechar 2022 com faturamento de R$ 4 bilhões, tem caixa para ir às compras. “O Grupo Zaragoza ocupa posição de destaque entre os principais players do segmento de atacarejo do País, o que nos coloca em totais condições para eventuais oportunidades de aquisição”, diz.

Sobre o interesse no Makro e posterior desistência do negócio, o executivo não faz comentários, mas afirma que o objetivo da empresa é ampliar a presença na Grande São Paulo e no interior paulista. “Temos ainda planos de expansão para o Rio de Janeiro, partindo do Sul Fluminense, onde já temos duas operações, e seguir para outras regiões do interior do Estado e também para a capital”, acrescenta.

Além disso, o grupo tem como meta realizar investimentos em logística, em capacitação de pessoal e fazer “boas negociações com fornecedores” para estarem “prontos para aproveitar as oportunidades de expansão quando elas surgem”.

O Grupo Zaragoza tem atualmente 5 mil empregados em suas unidades e dois centros de distribuição. São, no total, 37 lojas Spani em operação no Estado de São Paulo e no Estado do Rio de Janeiro, além de 4 lojas Villarreal Supermercados no Vale do Paraíba.

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‘Gigantes regionais’

O grupo paranaense Muffato, que faturou mais de R$ 10 bilhões em 2021 e tem estimativa de crescimento para 2022 de 10%, também avaliou e posteriormente desistiu do Makro. Em entrevista recente ao Estadão, Everton Muffato, um dos três irmãos que atuam como CEOs da empresa, disse que o negócio não avançou por incompatibilidade de interesses. No entanto, deixou claro que novas fusões e aquisições continuam em seu radar.

O Grupo Pereira, também apontado como interessado nos ativos do Makro, é outro gigante regional. Para 2023, a empresa, que atua na região Centro-Oeste, mantém seus planos de expansão e a expectativa é investir R$ 660 milhões. No primeiro semestre, segundo o grupo, o foco será a chegada ao mercado do Rio Grande do Sul, com cinco lojas.

Reação

Para Foganholo, da Mixxer, existe também uma reação das redes regionais à expansão das duas grandes redes listadas na B3: o Atacadão e o Assaí. Segundo ele, com a expansão dessas bandeiras, o mercado de atacarejos tem se tornado mais concentrado, o que faz com que redes menores corram um pouco mais para defender seus territórios.

Após adquirir unidades do extinto Extra Hiper, Assaí deu início a uma nova fase de expansão dos negócios pelo País.  

Uma saída possível para acelerar a expansão dessas redes regionais é a conversão de lojas de supermercado para esse novo formato. No entanto, nem sempre essa virada funciona. As lojas que vendem com preço de atacado têm de ter uma estrutura diferente que reduza custos de operação para entregar preço baixo com boas margens. Assim, muitas vezes, as reformas podem não ser bem-sucedidas, avalia Foganholo. “Se a estrutura é mista, nem sempre é possível atingir custos menores”, diz.

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Em geral, a expansão por meio de aquisições ajuda as companhias a acessarem um novo mercado já com escala. O investimento logístico para abastecer uma nova loja em determinada região só tem retorno quando há uma quantidade de estabelecimentos na área que justifique esse investimento. Essa pode ser mais uma das razões para que essas redes busquem as raras oportunidades de compra no setor.

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