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Light: Nelson Tanure prepara proposta para injetar R$ 1 bilhão e trocar conselho da empresa

Ideia do empresário é alterar os rumos que a empresa vinha adotando para renegociar dívidas, que somam aproximadamente R$ 11 bilhões

Foto do author Altamiro Silva Junior
Foto do author Cynthia Decloedt
Por Willian Miron , Altamiro Silva Junior (Broadcast), Luciana Collet (Broadcast) e Cynthia Decloedt (Broadcast)

Após superar os 10% de participação no capital da Light, com a compra de parte da participação da BlackRock na distribuidora de energia fluminense, Nelson Tanure quer agora convocar uma assembleia-geral extraordinária (AGE) para pedir a troca de conselheiros e mudanças na diretoria, além de uma proposta de injeção de pelo menos R$ 1 bilhão, valor que o empresário já teria à mão. Tanure já se reuniu com alguns credores nesta sexta-feira, 5. Os recursos seriam colocados na companhia por meio de um aumento de capital.

O Estadão/Broadcast apurou que a ideia do empresário é dar um cavalo de pau nos rumos que a empresa vinha adotando para renegociar dívidas. Atualmente a Light tem uma dívida bruta de aproximadamente R$ 11 bilhões, sendo R$ 7 bilhões em debêntures, a maior parte com vencimento nos próximos três anos.

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“A reunião com credores é decisiva para o futuro da empresa”, disse uma fonte a par da situação, mas que aceitou falar sem ter seu nome divulgado. A conversa ainda não chegou ao grupo de detentores de bonds, títulos emitidos no exterior, que têm R$ 3,1 bilhões em créditos contra a empresa.

O aumento de capital ajudaria a Light a sanar o problema de liquidez no curto prazo, que tem obrigações que superam R$ 1 bilhão nos próximos meses, de acordo com relato de fontes. Com isso, o empresário espera acalmar os ânimos e pacificar a disputa com credores, que temem um possível pedido de recuperação judicial (RJ) da controladora com efeitos estendidos às subsidiárias, como a distribuidora de energia, que, por lei, não pode pedir a RJ. A operação também daria fôlego para a empresa negociar a renovação de sua concessão, que vence em 2026, já que esse é um processo que deve levar meses para ser concluído.

Tanure terá como um dos principais desafios estimar o valor justo na operação de aumento e capital da Light Foto: Denise Andrade

Um dos principais desafios na proposta do empresário será estimar o valor justo na operação de aumento e capital, o que deve envolver a busca de uma assessoria independente para realizar os cálculos. A Light contratou a Laplace para trabalhar na reestruturação de seu passivo e conversar com os credores.

A reação dos credores que estiveram em tais conversas foi positiva ao discurso de Tanure desta sexta-feira, sinalizando que o empresário busca aliados no grupo, segundo uma fonte. Um credor que participou das cerca de duas horas da reunião nesta sexta-feira avaliou o discurso de Tanure como “nota 10″. Com isso, sinalizou disposição em engajar com o investidor na construção de uma solução, embora saliente não haver exclusividade e pode conversar com outros eventuais interessados.

“Foi uma conversa melhor do que os três meses de conversa que estamos tentando ter com o management [administração] atual”, disse, na condição de anonimato. Para ele, a atual condução das negociações falha, por ser muito hostil e morosa, levando à destruição do valor dos credores. Títulos de dívida da companhia chegaram a ser negociados a 30% do valor de face e sinalizaram recuperação em meio às sinalizações de conversas de credores com Tanure. Por isso, veem com bons olhos uma possível mudança no comando da companhia.

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“De fato, haverá troca de conselheiros e da diretoria. O Nelson Tanure entrou na empresa para fazer uma reestruturação, o que inclui a capitalização da companhia”, disse uma fonte. As ações da companhia sobem desde o dia 24 de abril e já acumulam alta de 70%, em meio à manutenção da liminar pela Justiça do Rio de Janeiro que suspende as cobranças de credores contra a companhia e de conversas com a Aneel de revisão tarifária extraordinária. Nesta sexta-feira, subiu 1,04%.

Em nove dias, o valor de mercado da companhia saiu de R$ 838,2 milhões para 1,445 bilhão há pouco, uma apreciação de 71%.

Para um gestor, Tanure tem o perfil dos “investidores ativistas americanos”, por isso, não está aumentando a participação na Light para ficar quieto. Ao contrário, quer barulho. Por isso, será ativo em propostas e na tentativa de mudança da empresa de energia.

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