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'Daqui a cinco anos, a gente se fala', diz Vélez, do Nubank, sobre queda nas ações

Papéis do banco digital acumulam perda de 65% neste ano

Foto do author Altamiro Silva Junior
Por Altamiro Silva Junior (Broadcast)

DAVOS - A forte queda das ações do Nubank, que este ano acumulam perda de 65%, não abalou os planos de David Vélez, fundador do banco digital. “Nossa tese não mudou”, disse a um pequeno grupo de jornalistas brasileiros no Fórum Econômico Mundial, em Davos. “Daqui a cinco anos, a gente se fala”, completou, emendando que a estratégia do banco digital é de longo prazo.

Só na América Latina, há 240 milhões de pessoas fora do sistema financeiro, disse Vélez. Ao mesmo tempo, o mercado bancário da região é de US$ 1 trilhão.

No Fórum Econômico Mundial, David Vélez, fundador do Nubank, mostrou que aforte queda das ações do banco digital não abalaram seus planos Foto: Paulo Whitaker/ Reuters

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“O modelo de um banco digital é muito mais rentável do que o de um banco tradicional, que não tem agências.” Por isso, esse US$ 1 trilhão vai aumentar “exponencialmente”, completou Vélez. Mas para isso, leva tempo. “O jeito de entender a gente é o longo prazo. Continuamos focados na construção dessa estratégia.”

No curto prazo, ressaltou o executivo, tem o ambiente mais adverso, que está penalizando as fintechs e empresas de tecnologia no mundo todo. Perguntado sobre a perspectiva de recuperação dos preços das ações do Nubank, ele evitou falar.

Vélez ressaltou que a instituição está com bons resultados, crescendo, chegou a 60 milhões de clientes, mas ainda “é uma formiguinha”. Por ora, o foco da operação é Brasil, Colômbia e México. Só no Brasil, são 57 milhões de clientes. No México, é o maior emissor de cartões e, na Colômbia, há uma lista de espera de 1 milhão de pessoas interessadas no cartão. “Estamos muito à frente no digital. Essa tese não muda.”

Remuneração

Sobre a polêmica gerada pela remuneração da diretoria do Nubank, de R$ 802 milhões, por ser um valor muito acima da média dos bancos brasileiros, e dos quais Vélez ficará com a maior parte, o executivo disse que “é tudo ou nada”. Ou seja, esse valor vai depender do desempenho do banco. Se não for atingido, esse valor não existe.

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Pela primeira vez em Davos, Vélez disse que o evento é uma oportunidade de ter contatos com outras fintechs, investidores internacionais e falar de parcerias. Ele contou que o Nubank investiu em um banco na Índia e no Paquistão e sempre recebe contatos de empreendedores de outros países querendo saber da história do Nubank para montar algo parecido em seus países.

Ignorado

Vélez fundou o Nubank em São Paulo e, segundo ele, por muito tempo foi ignorado pelos bancões. “Ninguém olhava a gente por três ou quatro anos”. Neste momento, o executivo citou uma frase atribuída a Gandhi: primeiro te ignoram; depois riem de você; depois brigam com você e depois você ganha.

No curto período de vida do Nubank, Vélez contou que o banco digital já passou por diversas crises no Brasil, desde os ruídos políticos que levaram ao impeachment da Dilma Rousseff, pela recessão e pelos anos de baixo crescimento.

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