A 'nova Eletrobras', agora uma empresa privada, viu suas ações estrearem em queda na B3 nesta segunda-feira, 13. Às 10h50, os papéis registravam queda de 2,51%, cotados a R$ 39,97. Quem comprou as ações na semana passada, dentro do processo de capitalização da empresa, pagou R$ 42. Mas não é só a Eletrobras que cai nesta manhã. A Bolsa como um todo opera com recuo de 2,68%.
A conclusão da privatização da Eletrobras, porém, é apenas o pontapé inicial na mudança do perfil da companhia. Com a emissão das novas ações e a diluição da fatia da União no capital da empresa, o novo corpo de acionistas precisará definir um novo Conselho de Administração, que por sua vez escolherá uma nova diretoria.
Controle difuso
Já existe uma significativa expectativa no mercado sobre a futura composição do conselho de administração da Eletrobras, que terá papel importante de ditar o rumo da empresa. Isso porque, com a capitalização, a empresa passará a ter controle difuso e nenhum acionista terá poder de voto superior a 10% do capital votante - nem mesmo a União, que permanecerá com fatia relevante, de cerca de 45% do capital votante.
Analistas afirmam que o futuro comando da elétrica precisará trabalhar em redução de custos e otimização de processos. Profissionais de mercado apontam que as ações da Eletrobras subiram cerca de 200% nos últimos anos sem a demonstração, por parte da empresa, de melhorias operacionais que justificassem tal valorização. Muito embora ganhos de eficiência tenham sido observados na companhia desde 2016, quando, sob a gestão de Wilson Ferreira Junior, houve significativa redução do quadro de pessoal e consolidação do centro de serviços compartilhados (CSC), entre outras iniciativas, analistas afirmam que empresas privadas de energia chegam a ser três vezes mais eficientes do que a Eletrobras.
Passivos contigentes
Outra frente de esperada melhoria é a administração de passivos contingentes. A Eletrobras encerrou março de 2022 com R$ 33,8 bilhões em provisões para litígio. Desse total, R$ 25,6 bilhões se referem aos processos do empréstimo compulsório, um imbróglio que se arrasta há décadas. A expectativa é que, sob uma gestão privada, a companhia terá mais liberdade para buscar acordos e encerrar processos, a exemplo do que foi feito após a privatização da geradora paulista Cesp - atual Auren Energia.
Investidores também se interessam pelo plano de longo prazo da Eletrobras, com a perspectiva de que, sob a nova gestão privada, a empresa possa voltar a ter uma atuação mais ativa na expansão da matriz elétrica brasileira, investindo em novas capacidades de geração, em especial usinas eólicas e solares. Ao mesmo tempo, esperam que a companhia estruture uma área de negócios de comercialização de energia, para melhor gerenciar a venda de sua produção. O entendimento, porém, é que qualquer movimento neste sentido levará mais tempo. / *COLABOROU LUDMYLLA ROCHA