O "núcleo" da inflação, que leva em conta apenas os chamados preços livres, cresceu em agosto pela segunda vez seguida. Depois de registrar 0,29% em junho, aumentou para 0,50% em julho e para 0,65% no mês passado. Os cálculos são do economista Ricardo Braule, que integra o conselho do Sistema de Índice de Preços do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A análise do economista exclui do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) as variações das tarifas controladas pelo governo, aluguéis, anuidades e mensalidades escolares e planos de saúde, entre outros. Ou seja, os itens que, como lembra o economista, não são definidos pelo mercado e os episódicos. Diferentemente da evolução de alta do "núcleo", o IPCA caiu de 1,19% para 0,65%, de julho para agosto deste ano. "O aumento do núcleo é sempre preocupante. Ele vinha caindo e mudou a trajetória. Considerando-se que a inflação é relevante (para a definição da política monetária), se não houve redução das taxas de juros antes, quando estava caindo, agora então fica mais difícil", argumenta Braule, para quem, "agora é torcer" para que a tendência de avanço do núcleo não se consolide neste mês de setembro. O economista argumenta, ainda, que seus cálculos para o núcleo da inflação mostram que a taxa mediana acumulada em 12 meses interrompeu no mês passado a trajetória de queda desde fevereiro deste ano. Em agosto, o acumulado do núcleo ficou em 6,85%, ante os 6,70% acumulados nos 12 meses completados em julho passado, resultado "ainda elevado", na sua opinião, em face das metas de inflação para 2002.