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O que o apagão em São Paulo pode nos ensinar? Leia artigo

Brasil conta hoje com apenas 0,4% de suas redes de distribuição de energia instaladas de maneira subterrânea

Por Daniel Bento
Atualização:

Desde que fortes tempestades atingiram São Paulo recentemente, milhões de pessoas ficaram sem energia elétrica, com interrupções causadas, principalmente, pela queda de árvores que romperam muitos cabos elétricos. Isso porque, hoje, a nossa infraestrutura de distribuição de energia é majoritariamente aérea. Segundo um levantamento recente feito pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, o Brasil conta hoje com apenas 0,4% de suas redes de distribuição de energia instaladas de maneira subterrânea, uma porcentagem muito baixa.

O principal motivo de não avançarmos é que, quando temos uma resposta pronta para determinado problema, não discutimos as saídas para a sua resolução com eficiência. Mas quem já está pagando a conta por contarmos com redes de distribuição tão frágeis no Brasil?

Fortes tempestades em São Paulo deixaram milhões de pessoas sem energia Foto: TIAGO QUEIROZ / ESTADÃO

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Já vi e ouvi muitos profissionais dizendo que as redes subterrâneas são 10 ou até 20 vezes mais caras do que as redes aéreas de distribuição de energia. Mas quando falamos que enterrar redes é mais caro, será que não estamos comparando os custos relativos às piores configurações de redes aéreas com as melhores configurações de redes subterrâneas?

Para se projetar uma rede de distribuição de energia, precisamos entender alguns critérios, como a confiabilidade requerida, a carga que essa rede está atendendo, qual é o arranjo elétrico previsto ou onde este projeto está sendo executado (em uma zona rural, urbana, em pequenas ou grandes cidades), entre outros pontos.

Esse tipo de discussão não é sério e não foca em resolver um problema a médio e longo prazos, mas apenas em colocar um ponto final em algo que pode ser melhorado em nosso país, principalmente em se tratando da transição energética que estamos vivenciando.

Redes subterrâneas pressupõem um investimento maior em comparação com as aéreas. Mas o que não consideramos é o quanto de valor que redes mais confiáveis e seguras podem acrescentar para a nossa sociedade, e como podemos nos articular para baixar o custo de implementação delas. Alternativas não faltam. Uma delas seria contar com o apoio da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e do Ministério Público para criar padrões de redes de distribuição com diferentes níveis de confiabilidade.

Cabe ressaltar que não estamos falando aqui sobre mudanças de curto prazo. Como sociedade, acredito fortemente que conseguimos encaminhar esse problema de maneira adequada para que, em um futuro próximo, possamos contar com redes de distribuição mais confiáveis, mais seguras e menos mortais. / É diretor executivo da BAUR do Brasil. Foi responsável técnico pelo sistema subterrâneo da cidade de São Paulo

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