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PIB do Nordeste cresce 7% entre 2021 e 2022, mas fica abaixo da média nacional, diz FGV

Todos os nove estados nordestinos figuraram no ranking dos dez menores níveis de PIB per capita do País

Por Daniela Amorim (Broadcast)

Passado o choque inicial provocado pela pandemia de covid-19, em 2020, a economia do Nordeste mostrou crescimento nos anos seguintes, mas aquém da média nacional, segundo estimativa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV).

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O Produto Interno Bruto (PIB) do Nordeste teria passado de um tombo de 4,1% em 2020, para crescimentos de 3,5% em 2021 e de 3,4% em 2022. Já o PIB brasileiro saiu de queda de 3,3% em 2020 para uma alta de 5,0% em 2021 e avanço de 2,9% em 2022.

Enquanto o Brasil cresceu, em média, 8,0% no biênio 2021-2022, a Região Nordeste avançou 7,0%, resultado superior apenas ao do Norte, que expandiu 6,1%, calculou o Ibre/FGV. Os demais avanços no biênio foram de 8,4% para o Sudeste; 8,2% para o Sul; e 8,6% para o Centro-Oeste.

“Com o objetivo de reduzir as enormes desigualdades socioeconômicas entre as regiões, é importante que se mude esse cenário, com o crescimento mais robusto da região Nordeste. É necessário que sejam adotadas políticas públicas que potencializem a economia da região e consiga fazer com que a redução das disparidades com relação às demais regiões do país sejam minimizadas de forma mais rápida que a atualmente observada”, defendeu o levantamento feito por Juliana Trece e Claudio Considera, pesquisadores do Ibre/FGV.

A expansão mais modesta no Nordeste teve influência, em 2021, do fechamento da fábrica da Ford em Camaçari, na Bahia, no início daquele ano, o que impactou o desempenho da indústria de transformação na região.

“Estima-se que a representatividade da indústria de transformação nordestina tenha se reduzido no Brasil de 10,5% em 2020 para 9,6% em 2021, o menor percentual desde 2014. Em 2022, a estimativa é que a participação da indústria de transformação nordestina tenha se mantido nesse patamar”, escreveram os pesquisadores do Ibre/FGV no estudo.

Quanto ao avanço na economia nordestina acima da média nacional em 2022, o resultado foi impulsionado pela recuperação nos serviços de transportes, administração pública, informação e comunicação, outros serviços e aluguéis.

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O Nordeste concentrao 28% da população do País, mas representava apenas 13,6% do PIB brasileiro Foto: Werther Santana/Estadão

O Nordeste corresponde a cerca de 18% do território do Brasil, concentrando 28% da população do País, mas representava apenas 13,6% do PIB brasileiro, na média de 2002 a 2020. Em 2003, a participação da economia nordestina no PIB desceu ao piso de 12,8%, alcançando um pico de 14,5% em 2017. Em 2020, essa fatia foi de 14,2%.

A geração de riqueza dentro do Nordeste é bastante concentrada: Bahia, Pernambuco e Ceará detêm 62,8% do PIB da região.

Na média de 2002 a 2020, todos os estados nordestinos figuraram entre os dez menores níveis de PIB per capita do País. O Acre foi o único estado fora da região a figurar no ranking.

O Ibre/FGV pretende inaugurar em junho o Centro de Estudos para o Desenvolvimento do Nordeste, em Fortaleza, sob a coordenação do pesquisador Flavio Ataliba, ex-secretário executivo de Planejamento e Orçamento do Ceará. Ataliba lembra as complexidades dos estados que integram a região e defende uma coordenação do governo federal junto aos governos estaduais para viabilizar uma estratégia bem sucedida de promover o desenvolvimento econômico local.

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“Parece que os estados nordestinos entram num processo de especialização. Enquanto você observa o Maranhão e o Piauí com um forte avanço da sua fronteira agrícola, com especialização na agropecuária, Bahia e Pernambuco concentram ainda grande parte do avanço que se verifica e se realiza na indústria. Por fim, o Ceará tem destaque maior em atividades relacionadas a serviços”, observou Ataliba.

O pesquisador lembra que o Banco do Nordeste e a Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) foram criados com o objetivo de promover políticas de estímulo ao desenvolvimento da região, e mais recentemente, o Consórcio Nordeste, formado na pandemia de covid-19, facilitou a interlocução interestadual. No entanto, ele defende que haja uma intensificação da coordenação federal de políticas para o Nordeste, que leve em consideração a pluralidade da região.

“Precisa ser feita uma coordenação mais forte, olhando para as especificidades e potencial de cada localidade”, afirmou Ataliba. “É nessa orquestração (federal) que precisamos avançar.”

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