O julgamento do esquema que fico conhecido como mensalão pode "afastar a cultura da impunidade dos poderosos" presente historicamente no Brasil, opina a revista The Economist na sua mais recente edição.
A reportagem não traz novidades para quem vive no País ou acompanha as notícias locais, mas é interessante notar a forma como o semanário resume o problema.
A revista nota, em primeiro lugar, que má reputação não é um grande problema para políticos no Brasil e cita, entre outros casos, o do senador Arnon de Mello (pai do ex-presidente Fernando Collor de Mello), que "atirou e matou um político no Senado em 1963, mas nunca foi processado".
"Políticos frequentemente usam a sua imunidade para barrar processos envolvendo seus aliados. Outros malfeitores permanecem livres enquanto advogados astutos empilham apelos sobre apelos", observa a Economist.
Para o periódico, reverter esse quadro "demanda uma ambiciosa reforma, o que é improvável em um futuro próximo".
Ainda assim, a revista vê melhora. Além do fato de que os 38 réus do mensalão serão julgados - "uma raridade", disse a publicação - a Lei de Acesso à Informação fará com que "roubar do Tesouro se torne mais difícil" e trará problemas, também, para "políticos que querem estufar a folha de pagamento estatal contratando comparsas".
Mas o mais interessante é a conclusão final, emprestada de um consultor do Eurásia Group: "A boa notícia é que para ser corrupto no Brasil é necessário ser mais criativo hoje do que há 15 anos".