As atuais regras do Fies incentivam mesmo quem tem dinheiro para pagar a própria mensalidade em uma universidade particular a pegar o financiamento federal, por causa da baixa taxa de juros aplicada. O Estadão Dados fez uma simulação de como o Fies pode ser lucrativo para estudantes que teriam condição de pagar a mensalidade e, em vez de fazê-lo, decidissem investir o valor todo mês em títulos do Tesouro com rendimento anual de 12% e aderissem ao Fies.
Nesse caso, ao fim de todo período de financiamento, o estudante que financiou uma mensalidade de R$ 645 (tíquete médio das mensalidades particulares hoje) teria economizado R$ 127 mil - já descontado todo o pagamento do financiamento.
Para esse aluno, o custo real do curso poderia sair pela exata metade do que foi financiado . A outra metade do custo, portanto, seria totalmente bancada pelos recursos federais, entre o subsídio dos juros e o rendimento dos títulos do Tesouro.
As próprias universidades entenderam isso e passaram a usar esse argumento para incentivar a adesão ao Fies. A Anhanguera (do grupo Kroton), por exemplo, diz em seu site que “se você colocar na poupança o dinheiro que iria usar para pagar a faculdade, você acaba tendo lucro”. A companhia ressaltou à reportagem que a “educação financeira” dos estudantes está inserida no contexto educacional.