Sindicato promete mais protestos para impedir eleição

Educafro contesta sindicato e nega ter apoiado manifestação

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Por Carolina Stanisci e Paulo Saldaña
Atualização:

Depois de impedir o acesso de eleitores ao prédio da reitoria, forçando o adiamento do segundo turno da eleição para reitor da USP, o Sindicato dos Trabalhadores da Universidade de São Paulo (Sintusp) pretende manter boicote ao processo eleitoral, mesmo que a votação seja realizada fora da universidade. A reitoria transferiu a eleição para quarta-feira, em local que será divulgado ainda hoje, por e-mail, aos eleitores. Se a eleição for realizada fora do câmpus, há a possibilidade de a Polícia Militar ser chamada. "A responsabilidade por qualquer violência é deles", afirmou Magno de Carvalho, diretor de base do sindicato. O sindicato é contra o modelo de escolha do reitor, considerado antidemocrático. "Nós achamos um absurdo essa falta de respeito ." Veja também:Eleição na USP é adiada Neste segundo turno, cerca de 320 eleitores devem escolher três nomes entre os oito candidatos. A lista tríplice será enviada ao governador José Serra, que aponta quem será o novo reitor. A USP tem cerca de 5 mil professores, 70 mil alunos e 15 mil funcionários. Agora à tarde, cerca de 250 estudantes ligados ao Diretório Central de Estudantes da USP (DCE) se reuniam em frente à reitoria para organizar uma assembleia para tratar da eleição. "Manteremos o boicote", disse Gabriela Hipolito, integrante do DCE. Além de estudantes e integrantes do sindicato, pessoas ligadas ao Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) e moradores da favela Diogo Pires, no Jaguaré -- que pegou fogo recentemente ‑‑, e da São Remo, ao lado da Cidade Universitária, também participaram do boicote. "Convidamos todos porque também lutamos pela democratização do acesso à universidade", disse Carvalho, do Sintusp. Segundo ele, cerca de 800 pessoas participaram do ato. Movimentos sociais O protesto, afirma o coordenador MTST, Guilherme Castro, foi por mais democracia na USP. "Entendemos que o povo pobre, os sem-teto e sem-terra, são os mais prejudicados pela falta de democracia na USP. Os pobres não conseguem ter acesso nesse sistema elitizado", explica Castro. Outro movimento citado pelo sindicato como apoiador do boicote à eleição foi a ONG Educafro. Lia Lopes, responsável pelo setor de políticas públicas da Educafro, diz, porém, que a ONG nunca foi favorável ao cancelamento do segundo turno. "Não apoiamos o boicote. Um deles será eleito, a eleição vai acabar acontecendo", diz. A maior queixa da Educafro é em relação à falta de propostas concretas pró-cotas para negros na universidade. "Nenhum dos candidatos, com exceção do João Grandino Rodas (diretor da Faculdade de Direito), apresentou uma proposta. E a dele também era irrisória." Ao contrário do MTST, a Educafro não conseguiu enviar seus militantes ao evento hoje. "Ninguém foi lá", garante Lia.

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