Tarso desqualifica documento interministerial

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Por Agencia Estado
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Recebido nesta segunda-feira com vaias e faixas agressivas, o ministro da Educação, Tarso Genro, fez um discurso defendendo o fortalecimento da universidade pública, gratuita e de qualidade e encerrou sob aplausos a palestra dada a centenas de estudantes da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em Curitiba, na aula inaugural do ano letivo. Ele desqualificou o documento preparado por uma comissão interministerial com propostas de reforma universitária, afirmando que é uma "síntese às vezes equivocada" de diversas forças e concepções internas do governo. Uma de suas críticas é sobre o financiamento, pois o documento abre a possibilidade para algum tipo de pagamento pelo ensino nas instituições públicas. "A universidade pública tem que ser gratuita, tem que ter fontes claras de financiamento, com incidência sobre quem tem condições de pagar, mas são fontes públicas e não pagas pelos estudantes", afirmou. ?Núcleo do capitalismo? O ministro começou a ganhar a platéia ? que usava faixas com dizeres como ?Vende-se a UFPR. Tratar com Tarso Genro? - quando criticou o Fundo Monetário Internacional (FMI), dizendo que sua proposta de educação é "inaceitável" para o País. "Essa agência internacional tem uma visão que defende interesse do núcleo orgânico do capitalismo mundial, através da qual desejam que todos os recursos sejam investidos na educação fundamental e básica e que a universidade seja enfraquecida para gradativamente ser privatizada", criticou. "Nós não concordamos em absoluto com essa visão." Segundo ele, o documento apresentado pelo governo federal é apenas um entre os vários que serão estudados para se chegar a um projeto de reforma a ser entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Tarso pretende que isso seja feito até novembro. "Vou trabalhar por uma proposta que fortaleça a universidade pública, que dê maior abrangência, maior responsabilidade e amplie o ensino superior público e gratuito", disse. "Vamos verificar quais são os dispositivos que mais claramente reformam a universidade no sentido de afirmar a universidade pública e viabilizar nova relação entre público e privado no País." Autonomia e fundo O ministro também defendeu a autonomia universitária, mas sugeriu que deve haver interação constante com a sociedade civil, inclusive com participação minoritária no conselho universitário. Tarso também propôs uma revisão sobre a forma de acesso à universidade pública, ampliando-se as vagas e instituindo-se mecanismos legais que permitam o acesso para as camadas mais baixas da sociedade. O ministro defendeu a criação de um fundo específico para fortalecer a universidade pública. Sua intenção é que o fundo já esteja instituído no próximo ano. Ele citou que o fundo poderia ser alimentado com uma determinada alíquota paga por devedores do Imposto de Renda. "Tem que colocar a imaginação técnica e jurídica em funcionamento", sugeriu. Logo depois da palestra, o ministro deu toda a atenção que lideranças estudantis pediram para apresentar reivindicações.

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