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Uma alimentação consciente no paraíso da comilança

Selo incentiva a utilização de frutos nativos da Mata Atlântica por empresas 

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Por Juliana Carreiro
Atualização:
 

Campanha Guardiões da Mata Atlântica visa promover e apoiar a produção e a comercialização de alimentos agroecológicos

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Jussara, araçá, uvaia, jatobá, cambuci, butiá, grumixama, cambucá, gabiroba, caraguatá, jerivá, cereja do rio grande, taiúva. Estes são só alguns entre tantos frutos nativos da Mata Atlântica, que são desconhecidos pela maioria dos consumidores brasileiros. A campanha Guardiões da Mata Atlântica, realizada pelo Instituto Auá de Empreendedorismo Socioambiental, busca incentivar o consumo destes alimentos, que são produzidos por meio de práticas sustentáveis e contribuem para a proteção desse importante bioma. O Auá compõe a rede Conexão Solo Vivo

Segundo o Instituto: "Aumentar a produção e a comercialização de alimentos agroecológicos é uma maneira eficaz de lutar pela preservação da floresta em pé". A ação é voltada para empreendedores ou gestores dos ramos gastronômico, alimentício, hoteleiro, cultural, turístico e do entretenimento. Estes setores podem vender ou incluir em seus cardápios os frutos congelados ou seus inúmeros derivados: polpas, farinha, óleo, geleia, mel, manteiga, sucos, sorvetes, bebidas alcóolicas e até cosméticos, entre outros. 

Todo mundo sai ganhando 

Além de oferecer produtos frescos, cultivados de forma sustentável e livre de agrotóxicos,  os estabelecimentos que aderirem à campanha vão receber apoio nas redes sociais e comunicação direcionada nos pontos de venda com o selo Guardião da Mata Atlântica. Os consumidores terão acesso a novos sabores e a produtos mais saudáveis. Os pequenos produtores terão mais trabalho e renda e a Mata Atlântica será preservada. 

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Empreendedorismo Socioambiental 

Esta Campanha é um bom exemplo de empreendedorismo socioambiental, praticado há mais de vinte anos pelo Instituto Auá, segundo o presidente da entidade, Gabriel Menezes: "Acreditamos ser possível transformar realidades por meio de empreendedores que promovem modificações na sua cadeia produtiva e no meio ambiente em que se inserem, propondo novas formas de organização social e econômica para o bem comum".

A Guardiões da Mata Atlântica é a campanha mais recente do Instituto, que tem diversas frentes de atuação. Em 2014, foi criada a Agência de Ecomercado que atua na produção, comercialização e microfinanças, realiza oficinas e projetos de capacitação e incubação de ecoempreendimentos, mobilização de parcerias, e formação de arranjos econômicos sustentáveis. 

O objetivo é promover novos modelos econômicos que tenham como objetivo o impacto positivo de suas atividades. As iniciativas devem valorizar o potencial humano e a sustentabilidade ao longo do processo produtivo, investindo no uso responsável do patrimônio natural local para seu desenvolvimento. 

Entre as unidades de negócios estão o Empório Mata Atlântica, marca comercial para venda de produtos nativos e o Sabor Nativo, serviço de buffet e oficinas gastronômicas que valorizam os alimentos nativos e sustentáveis dos biomas brasileiros.

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Pomares Mata Atlântica 

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Por meio de um Plano de Manejo Agroecológico, esta frente realiza mobilização, capacitação, assistência técnica e engajamento de agricultores, para restauração do bioma com espécies nativas. Também viabiliza projetos ligados a editais socioambientais públicos e privados, para realizar ações como neutralização voluntária das emissões de carbono de pessoas físicas e jurídicas e compensação ambiental de empresas.

Rota Gastronômica do Cambuci

Resgatar o cultivo e o consumo deste fruto nativo da Mata Atlântica, como estratégia de conservação das matas e geração de renda para os produtores da região da Serra do Mar Paulista é o grande objetivo da rota. Para isso, são realizados festivais associados a atividades culturais, turísticas e de lazer em cidades do Estado de São Paulo. Além disso, a Rota promove a organização dos produtores e diversificação de cultivos com geração de renda. Os mesmos parceiros participam também de um Roteiro Turístico que trabalha de forma integrada o potencial dos atrativos locais relacionados ao Cambuci.

Gabriel Menezes -Presidente do Instituto Auá - Lançamento da Safra do Cambuci 2024  

De acordo com Gabriel Menezes: "O nosso trabalho é de 'descolonização cultural gastronômica', importamos muitas frutas e não conhecemos as que temos aqui. Estamos divulgando uma novidade que já está aqui há 5 mil anos. O nosso desafio é vender um alimento que ninguém conhece, para um mercado que não existe e o nosso concorrente é a falta de conhecimento. 

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Queremos gerar renda pros produtores locais. Então precisamos estimular o plantio e conectar os produtores com o público interessado no consumo, para que a demanda passe a ditar a oferta. O plantio do cambuci é manual e precisa ser intenso e rápido, por isso, o seu custo é alto. Então pretendemos encontrar os compradores antes mesmo da safra acabar, pra organizar a colheita", completa.

Lançamento da Safra do Cambuci 2024

O evento reuniu na sede do Instituto em Osasco, na grande São Paulo, nutricionistas responsáveis por merendas escolares, chefes de cozinha, representantes de empresas e de restaurantes para apresentar o cambuci, as receitas e os produtos feitos com ele, pra fazer com que o fruto seja comercializado e incorporado nos cardápios.

Os cosméticos feitos com cambuci são só um exemplo de como ele é versátil, também pode virar suco, sorvete, geleia, farinha, tempero, cachaça e cerveja, entre tantas outras opções. O Estado de São Paulo tem capacidade de produzir 300 toneladas do fruto por safra, porém eles só serão colhidos de acordo com a demanda. Se não houver procura, vão estragar. 

 

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Shirley Pérola - Empreendedora -  Lançamento da Safra do Cambuci 2024 - Instituto Auá  

Shirley Pérola é uma empreendedora local, ela compra o fruto de um pequeno produtor em Parelheiros, zona Sul da capital, onde mora: "Com o cambuci, eu faço a polpa e trituro ele desidratado para enriquecer mais ainda os cosméticos, também faço um sabonete com o próprio formato dele, eu pesquisei e desenvolvi meu próprio molde".

Mais informações: www.instagram.com/institutoaua

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