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Morre Kyara, última orca nascida em cativeiro no SeaWorld

Animal morreu aos 3 meses de idade; ativista acredita que condições do parque contribuem para morte precoce

Foto do author João Abel
Por João Abel
Atualização:
SeaWorld interrompeu programa de reprodução, mas ainda mantém 22 orcas em sistema de cativeiro Foto: Mathieu Belanger/Reuters

A baleia orca Kyara, de apenas três meses de idade, morreu nesta segunda-feira, 24. Ela era o último animal da espécie nascida no SeaWorld, em San Antonio, Estados Unidos. O parque encerrou o programa de reprodução de orcas em 2015.

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Segundo nota oficial, Kyara morreu após complicações de uma infecção causada por pneumonia, mas novos exames vão detectar mais precisamente a causa do óbito.

Para Caroline Zerbato, ativista em prol dos direitos animais, o cativeiro acelera a morte em comparação às espécies que vivem no oceano. “A expectativa de vida das orcas selvagens é entre 60 a 90 anos”, explica.

Desde o início do programa de reprodução do SeaWorld, na década de 1980, 40 baleias orcas morreram no parque - a maioria antes de completar 10 anos.

A ativista ainda afirma que a gestação normal das orcas dura entre 17 e 18 meses, com 5 anos entre cada gestação. No entanto, o programa de reprodução compulsória não respeitava esse tempo.

Os treinadores do parque afirmam que a pneumonia é uma doença comum nesta espécie e que todos os esforços foram feitos para salvar a vida de Kyara.

“Quase todas as orcas do SeaWorld e outros parques morreram por essa mesma bactéria. Mas o problema é que, no cativeiro, elas têm mais facilidade em desenvolver doenças”, ressalta Caroline. “Além disso, as baleias apresentam transtornos psíquicos como roer os portões, roer as paredes do aquário e nadar em círculos. É uma vida muito complicada e que gera um estresse cruel nos animais”, acrescenta.

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A morte de Kyara ocorreu no mesmo dia em que um grupo da PETA (People for the Ethical Treatment of Animals), organização contra maus-tratos a animais, fez um protesto dentro do SeaWorld, liderado pelo ator James Cromwell.

Caroline acredita que os movimentos por direitos animais estão avançando e a pressão do público tem dado resultado. “O divisor de águas foi o [documentário] Blackfish, de 2013, que mostrava a real situação do cativeiro. O SeaWorld perdeu muitas parcerias e público. As ações caíram. Então, eles entenderam como uma necessidade o rompimento do sistema de reprodução”, completou a ativista.

Após a morte de Kyara, o SeaWorld segue com 22 orcas, divididas em três parques aquáticos nos Estados Unidos.

*Estagiário sob supervisão de Charlise Morais

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