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O que está em disputa na herança de Gugu? Entenda impasse familiar

Rose Miriam di Matteo, mãe dos três filhos do apresentador, ficou de fora do testamento e briga na Justiça de São Paulo para ter direito a 50% da herança bilionária

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Por Thaíse Ramos

A disputa pela herança de cerca de R$ 1 bilhão deixada pelo apresentador Gugu Liberato, que morreu em 2019 aos 60 anos, nos Estados Unidos, vítima de acidente doméstico, voltou a ser um dos assuntos mais comentados da internet nos últimos dias. Desde quando as filhas gêmeas do comunicador, Sofia e Marina Liberato, de 19 anos, voltaram ao Brasil para a audiência que teve início na segunda-feira, 22, na 9ª Vara de Família e Sucessões do foro Central de São Paulo, o assunto veio à tona com força total. Opinões opostas entre os envolvidos no testamento e exposição nas redes sociais são alguns dos destaques que chamam a atenção no caso.

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Para entender melhor essa história, vamos começar do início. Uma hora e meia após o sepultamento de Gugu, em 2019 - o que é incomum tradicionalmente; geralmente isso acontece uma semana depois - os familiares se reuniram para ler o testamento que o apresentador fez em 2011.

No documento, ele não reconheceu Rose Miriam di Matteo como companheira em união estável e nomeou a irmã, Aparecida Liberato, como responsável por cuidar de seu espólio (bens divididos entre os herdeiros). Nele, o apresentador deixou 75% do patrimônio aos três filhos com Rose - as gêmeas e João Augusto di Matteo Liberato, de 21 anos - e os 25% restantes para os cinco sobrinhos; além de destinar uma pensão vitalícia para mãe, Dona Maria do Céu, de R$ 163 mil.

Agora, Rose pleiteia o reconhecimento de união estável com o apresentador ao longo dos 20 anos em que viveram juntos. Se a Justiça de São Paulo reconhecer o pedido, ela passará a ter direito ao espólio do comunicador - metade da herança. Os outros 50% serão transmitidos obrigatoriamente aos três filhos.

Gugu Liberato repassava em vida US$ 10 mil mensais para que Rose Miriam cobrisse despesas pessoais e da casa da família em Orlando, nos Estados Unidos. Em 2021, o Tribunal de Justiça de São Paulo determinou que o valor deveria ser mantido e pago pelo espólio do apresentador. Rose alega que a quantia não foi paga de maneira correta e cobra os valores.

Rose Miriam Di Matteo e Gugu Liberato. Foto: Instagram/@rosemiriamoficial
Rose Miriam Di Matteo, Gugu Liberato e filhos. Foto: Instagram/@rosemiriamoficial/Reprodução

Audiências adiadas para junho

As audiências estavam previstas para acontecerem nos dias 22, 23 e 24 de maio, mas os dois últimos dias foram adiados para junho. A decisão do juiz da 9ª Vara de Família e Sucessões do foro Central de São Paulo é para que todas as testemunhas possam ser ouvidas. Para o dia 23, por exemplo, estavam agendadas as testemunhas de Rose Miriam.

“Não temos pressa. Esperamos apenas que a justiça seja feita com a comprovação de que a viúva, Rose Miriam, vivia em união estável com Gugu Liberato”, disse, em nota, Nelson Wilians, advogado que representa Rose e as filhas Sofia e Marina. O processo tramita em segredo de justiça.

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Gêmeas apoiam a mãe e primogênito se mantém calado

Na segunda-feira, 22, Sofia e Marina Liberato prestaram depoimento à Justiça de São Paulo e apoiaram a mãe. O Estadão confirmou que durante a audiência, de cerca de três horas, João Augusto Liberato, o primogênito de Rose e Gugu, preferiu não dar nenhuma declaração, mantendo-se em silêncio. Aparecida Liberato e André Liberato, sobrinho do apresentador, também decidiram não se manifestar. Os três são representados pelo advogado Dilermando Cigagna.

Dois dias depois, João Augusto se pronunciou pela primeira vez sobre as audiências judiciais no Instagram. O jovem, que está do lado da tia Aparecida Liberato, que foi nomeada a inventariante da herança do apresentador, condenou as críticas que recebeu por ficar em silêncio, durante os depoimentos das irmãs.

“Não é verdade que preferi ficar calado durante a audiência, não me manifestei porque não era o momento de me ouvir”. Além João Augusto alegou que, durante a audiência, “foi muito triste ver e ouvir tantas coisas que não eram verdadeiras”.

“Sou uma pessoa reservada e discreta como meu pai era. Eu realmente não queria me manifestar publicamente sobre este caso, mas todos os vazamentos sobre a audiência de ontem, e tudo que falaram ao meu respeito, me obrigaram a escrever esta mensagem. Eu fiz questão de estar presente e não é verdade que preferi ficar calado durante a audiência, não me manifestei porque não era o momento de me ouvir”, iniciou.

Joao Augusto, Sofia e Marina, filhos de Gugu Liberato e Rose Miriam Foto: Instagram/@rosemiriamoficial

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“Tenho muito para falar e até tive que me segurar para não falar quando não era o momento. Foi muito triste ver e ouvir tantas coisas que não eram verdadeiras, mas eu respeitei as regras da audiência. Tudo o que venho vivendo é muito triste e incrivelmente desnecessário. Meu pai me ensinou tantas coisas e o que eu quero é seguir minha vida honrando isso tudo”, lamentou.

Por fim, o primogênito reiterou sua decisão de apoiar a decisão original de Gugu. “Tudo o que ele fazia era muito bem pensado e suas decisões foram sempre focadas para o bem maior de todos. Quem realmente o conheceu sabe da sua forte integridade e inteligência em tomar decisões. E hoje eu vejo sua vida e história sendo desrespeitada com um monte de mentiras. Meu pai não merece isso e eu vou fazer de tudo para defender a verdade e a sua memória”, disse.

Ao Estadão o advogado das gêmeas, Nelson Wilians, se pronunciou sobre as alegações de João Augusto. Ele reafirmou que o jovem permaneceu em silêncio e que deveria ter requerido que fosse ouvido.

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“Os advogados dele e do outro lado da família deveriam ter requerido que ele fosse ouvido (o que não aconteceu) e pudesse se manifestar na audiência. Afinal, ele veio dos Estados Unidos, participou da audiência e, juntamente com Aparecida e o primo André, assistiu o interrogatório da mãe e das irmãs em total e completo silêncio”, destacou Wilians.

Sobrinho de Gugu também se manifesta

André Liberato, um dos cinco sobrinhos citados no testamento do apresentador Gugu, se manifestou na última quarta-feira, 24, no Instagram, sobre o novo capítulo na disputa pela herança estimada em R$ 1 bilhão. Ele, que se identifica na rede social como contato comercial do Programa do Gugu, compartilhou o desabafo de João Augusto Liberato. Pela documento deixado por Gugu, André teria direito a 25% de todo patrimônio, ou seja, R$ 250 milhões.

André Liberato compartilha texto de João Augusto Liberato no Instagram Foto: Instagram/@andre_liberato

Patrimônio bilionário

O valor total do patrimônio de Gugu Liberato pode chegar a R$ 1 bilhão. Além da carreira notória como apresentador de televisão, que o proporcionou um dos mais altos salários da TV brasileira, ele era empresário de sucesso. Era dono de diversos imóveis, como galpões, prédios comerciais, casas, flats e terrenos.

Esse patrimônio incluía a casa de Orlando, nos Estados Unidos, com cinco suítes, piscina e jardim amplo (avaliada em R$ 6,7 milhões); residência no Guarujá, no litoral paulista, com quatro suítes e seis banheiros (R$ 7 milhões); mansão em condomínio fechado nos arredores de São Paulo, com fachada inspirada na arquitetura da Casa Branca (R$ 15 milhões); complexo de estúdios de TV localizado em um terreno de 8.500 metros quadrados (R$ 60 milhões), aplicações em bancos do Brasil (R$ 190 milhões), entre outros itens. Também há participação de Gugu em postos de gasolina, loja de conveniência, loteamento e aplicação em bolsa.

Final do 'Canta Comigo' foi o último programa inédito deixado por Gugu Liberato Foto: Antonio Chahestian / Record TV / Divulgação
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