Não nutro simpatia pelo estilo da Espanha, campeã europeia de 2008, atual campeã mundial e com possibilidade de garantir mais uma taça. É eficiente, tem seu valor e as conquistas o comprovam. Não se chega por acaso a esses estágios seguidamente.Mas, por questão de princípios, não tem futebol que me encante. Para mim, futebol foi, é e sempre será uma manifestação lúdica e artística. Não vejo isso na Fúria, que pode ganhar outra, mas não acrescenta, não inova.
O 0 a 0 com Portugal, no tempo normal e na prorrogação, foi mais uma comprovação de que a Espanha aposta no controle emocional e de bola como caminho para o sucesso. Varia o adversário, mas não muda o jeito de jogar: é tico-tico no fubá pra cá, tico-tico no fubá pra lá.
E, antes que alguém mais uma vez diga que se assemelha ao Barcelona, repito que não concordo: o time catalão toca a bola, mas parte pra cima, agride, faz gols às pencas. Sei, sei, tem o Messi, que desequilibra. A Espanha fez 8 nesta edição do campeonato europeu - quatro deles contra a Irlanda, uma espécie de café-com-leite continental.
No todo da partida, senti Portugal com muito respeito pela Espanha, mas sem temor excessivo. Os lusos eram franco-atiradores, trataram de se resguardar, pressionaram quando puderam. Cristiano teve uma chance quase no fim. Os espanhóis jogaram as fichas na autoconfiança, seguraram o jogo e se deram bem, como tem sido rotina. Só se soltaram na prorrogação, quando então sim foram com mais entusiasmo ao ataque.
E nos pênaltis tiveram mais competência do que os vizinhos e rivais ibéricos. Nesse detalhe, prevaleceu de novo o sangue-frio, como havia acontecido no domingo com italianos diante de ingleses. Ironia do destino, Cristiano Ronaldo, o astro de Portugal, não pôde bater o último pênalti, porque desnecessário, já que o placar indicava 4 a 2.