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Após título mundial, Beatriz Ferreira luta para valorizar boxe feminino no Brasil

Em entrevista exclusiva ao ‘Estadão’, baiana de 31 anos revela foco no ouro em Paris e que planeja trabalhar pelo engrandecimento da modalidade também fora dos ringues

Por Wilson Baldini Jr
Atualização:
Foto: Confederação Brasileira De Boxe/Confederação Brasileira de Boxe
Entrevista comBeatriz FerreiraLutadora de boxe

Beatriz Ferreira sabe da importância que tem para o boxe feminino nacional após conquistar o título mundial dos pesos leves conquistado sábado, em Liverpool, na Inglaterra, sobre a argentina Yanina del Carmem Lescano. Por isso, a boxeadora, de 31 anos, aponta que suas glórias na nobre arte internacional ainda estão longe de terminar. Com dois títulos mundiais amadores, uma medalha de prata nos Jogos de Tóquio, mais de quatro dezenas de pódios em torneios internacionais e 101 vitórias no boxe olímpico, a baiana planeja conquistar o ouro em Paris daqui a três meses, mais sete cinturões mundiais no profissionalismo para depois trabalhar em prol do engrandecimento de sua modalidade também fora do ringues.

Confira trechos da entrevista exclusiva de Beatriz “The Beast” (A Fera, em inglês) Ferreira ao Estadão neste domingo à noite, no Aeroporto Internacional de Guarulhos. “O boxe feminino está crescendo no Brasil, ganhando espaço, mas ainda não está valorizado. Tenho de ajudar para que o meu esporte ganhe credibilidade e mais meninas acreditem que possam conseguir as mesmas coisas que eu estou conseguindo.”

Como você analisa seu desempenho na vitória sobre a argentina, que lhe valeu o título mundial?

A adrenalina me atrapalhou um pouco no começo da luta. Estava nervosa e demorei para encontrar a distância para aplicar os golpes e sair do ataque da minha adversária. Depois consegui me ajustar no ringue e passei a dominar o combate. Mas faço uma promessa. Da próxima vez farei uma luta bem melhor.

A proximidade dos Jogos Olímpicos ajudou a tirar um pouco sua concentração?

A nossa programação inicial era disputar o título mundial após os Jogos Olímpicos de Paris, mas surgiu esta possibilidade de cinturão mundial e resolvemos enfrentar. O boxe olímpico é muito diferente do profissional. Aquecimento, preparação, ritmo de luta... Tudo é diferente. Preciso de um tempo de adaptação. E sempre enfrento meninas com maior experiência, mas isso é importante para eu me formar cada vez melhor. Gosto de grandes desafios.

A medalhista olímpica Beatriz Ferreira comemora a conquista do cinturão mundial do boxe profissional contra Yanina Del Carmen Lescano. Foto: Reprodução/@MatchroomBoxing

Um das diferença do boxe profissional para o olímpico é o tempo do round. Você é a favor do boxe profissional feminino ter três minutos como no masculino?

Tudo é uma questão de adaptação. Tudo é treino. Nada é impossível. Uma luta prevista para 12 rounds de três minutos vai precisar de uma preparação diferente, mas estou pronta para me adaptar a isso.

Existe a possibilidade de você defender o título mundial no Brasil?

Hoje ainda não. Uma luta no Brasil exige várias coisas, que eu acho que ainda não é possível, mas no futuro poderá acontecer.

Você já está com 31 anos. Pensa em aposentadoria?

Só vou parar depois de unificar todos os títulos da minha categoria (ela é campeão da Federação Internacional de Boxe nos pesos leves, até 61,235 quilos - restam ainda os títulos do Conselho Mundial de Boxe, Associação Mundial de Boxe e Organização Mundial de Boxe) e também entre os pesos superpenas. Mas isso eu só vou pensar no segundo semestre depois da Olimpíada.

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E qual sua perspectiva do boxe brasileiro na Olimpíada de Paris?

Acho que a equipe toda está muito bem treinada e com chance de subir no pódio, com grande atuação nos Jogos.

Qual é o momento do boxe feminino no Brasil?

O boxe feminino está crescendo no Brasil, ganhando espaço, mas ainda não está valorizado. Tenho de ajudar para que o meu esporte ganhe credibilidade e mais meninas acreditem que possam conseguir as mesmas coisas que eu estou conseguindo.

O que você planeja para sua vida depois do boxe?

Vou continuar no esporte e retribuir tudo que ele me deu na carreira. Não sei o que vou fazer, só sei que não serei política.

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