É, a viagem está chegando realmente ao fim. Escrevo agora no avião, no assento 54D do voo 224 da South African Airways de volta para São Paulo. Tento olhar pela janela, está completamente escuro. Do lado de fora, o nada. Ou melhor, 'o vazio que, do chão, chamamos de céu', como escreveu a sul-africana Nadine Gordimer. Tenho certeza de que ainda é o céu da África, esse vazio para onde os africanos se voltam quando querem rezar, amar, sonhar. E para onde seus animais também voltam os olhos, achando que ali vivem apenas os pássaros, aquelas asas com cores do que o arco-íris que é este país.
Se você está sozinho, eu queria te fazer um pedido. Pode parecer estranho, mas queria que você pronunciasse a palavra África em voz alta. Repita, por favor, em voz alta novamente. Fale uma terceira vez, desta vez lentamente, separando as sílabas e colocando ênfase em cada uma delas.
Que palavra linda, África.
Não, não é apenas o som mágico da combinação de suas letras que torna essa palavra tão familiar para você, para mim, para todos os povos do mundo. É outra coisa.
É porque somos todos africanos.
Ngiyabonga, África.
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