A estreia do Brasil na Copa do Mundo coroou Neymar, fez renascer Oscar e deixou a presidente Dilma Rousseff aturdida com xingamentos da torcida. No final, deu Brasil 3 a 1 na Croácia, no Itaquerão, com generosa ajuda do juiz japonês, que apitou um pênalti no mínimo duvidoso em Fred quando o jogo estava 1 a 1. O primeiro tempo foi de angústias para o Brasil. Quis se impor a todo custo, mais com ansiedade que com a razão. Correu para dar o bote em busca de um gol antes dos 15 minutos e, por pouco, não saiu com a derrota parcial, não fosse por uma fagulha de Neymar. Na tentativa de fazer o gol, com marcação por pressão, a seleção cedeu um espaço que não costuma franquear ao adversário. Daniel Alves deixou o setor direito e foi até a área de Pletikosa dificultar a ação do goleiro. Não deu tempo. A bola viajou por suas costas e chegou até Olic, na ponta-esquerda. Ele só teve o trabalho de cruzar até Jelavic, que furou e, assim, iludiu Thiago Silva. Marcelo vinha como um touro por trás e tocou na bola: gol contra, aos 11.
Diz a Fifa que esse foi o primeiro gol contra que o Brasil marcou na história das Copas. O erro de Marcelo apavorou o Itaquerão. A multidão de amarelo trocou a euforia pela aflição. Lá embaixo, os jogadores de Felipão se deixaram levar pelo pânico das arquibancadas. A seleção se desequilibrou. O QUE FAZER? Neymar estava bem marcado, com dois em seu encalço. Oscar sumido. A Croácia continuava impávida, fiel às suas duas linhas de quatro. Preso na ponta-direita, Oscar resolveu procurar mais espaço no meio. Deu certo. Em um lance que parecia morto, brigou com dois croatas e, mesmo caído, serviu Neymar para mudar a história do jogo. O craque gingou o corpo, arrumou a bola para o pé esquerdo e bateu seco. A bola zarpou na grama como se deslizasse no gelo. Pletikosa se esticou como um elástico, mas não deu: 1 a 1, aos 26. A torcida serenou e passou a procurar Dilma Rousseff nas tribunas para xingar a presidente. O empate deu nova alma ao Brasil, que passou a pressionar a Croácia. Fiéis ao seu esquema, os croatas seguraram o rojão. No segundo tempo, o Brasil voltou apático. O adversário avançou um pouco suas linhas. A seleção e a torcida apagaram. Foi aí que o juiz japonês Yuichi Nishimura resolveu dar novo rumo ao jogo. Em um cruzamento na área, Lovren e Fred se atracaram. Yuichi entendeu que o croata puxou o brasileiro e apitou pênalti. Um lance cheio de dúvidas. Neymar, isento de culpa ou remorso, bateu e fez o gol da virada, para desespero dos indignados croatas. A volta por cima no placar fortaleceu o Brasil. Então, a torcida voltou a procurar a presidente Dilma, para xingá-la com vontade. Felipão tratou de arrumar a casa. Trocou Hulk por Bernard, Paulinho por Hernanes e recuou o time, à espera de um contra-ataque. Os croatas se lançaram até a grande área brasileira em busca do empate no bombardeio aéreo. De um lance pelo alto, a bola foi rebatida e caiu nos pés de Oscar. Ele carregou, segurou dois croatas no ombro e com um biquinho na bola, no estilo Romário, liquidou a fatura: 3 a 1. Festa no Itaquerão e mais xingamentos para Dilma. FICHA TÉCNICA