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Abel se aproxima de mais um recorde no Palmeiras e Carille prova que Rueda cometeu erro grosseiro

Final do Paulistão entre Palmeiras e Santos pode consagrar português como maior campeão da história do time alviverde ou coroar trabalho de reconstrução do técnico alvinegro

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Foto do author Ricardo Magatti
Foto do author Rodrigo Sampaio
Por Ricardo Magatti e Rodrigo Sampaio

Faltam dois jogos para Abel Ferreira, um português desconhecido dos brasileiros até 2020, se tornar o treinador mais vitorioso da história do Palmeiras. O feito será concretizado caso o time alviverde derrote o Santos na decisão do Paulistão, torneio em que a equipe busca o tri consecutivo — algo que não acontece desde 1934. Do outro lado, Fábio Carille lidera o projeto de reconstrução do clube alvinegro, rebaixado em 2023 à segunda divisão, e reforça que o ex-presidente Andrés Rueda cometeu um erro grosseiro ao demiti-lo há um ano. Os rivais se enfrentam em jogos de ida e volta neste e no próximo domingo.

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De desconhecido a multicampeão, Abel levantou nove troféus desde outubro de 2020, quando atravessou o Atlântico para mudar a sua vida e a do Palmeiras: Libertadores (2), Brasileirão (2), Copa do Brasil (1), Paulistão (2), Recopa Sul-Americana (1) e Supercopa do Brasil (1).

Caso conquiste seu terceiro Paulistão, o português natural da pequena Penafiel ostentará dez troféus e vai se igualar a Oswaldo Brandão como o técnico mais vitorioso da história palmeirense. “Meus jogadores sabem que faço muita renúncia para estar aqui com eles, e não dá para fazer isso se não for para brigar por títulos. Quando levanto da cama, como treinador, minha missão é desafiá-los. Passamos horas no CT para estarmos nas finais”, afirmou o técnico, antes de refletir sobre o peso que se dá às vitórias e às derrotas, além da pressão por títulos. “

Abel Ferreira e Fabio Carille se enfrentam na final do Paulistão. Foto: Rodrigo Corsi/Ag. Paulistão

“É difícil chegar nas finais de forma consistente. São 13 finais, vocês exaltam as vitórias, mas mesmo nas derrotas sabemos o que fizemos. Mesmo nos momentos em que as coisas não acontecem da forma como queremos, nós lutamos e queremos. Se eu chegasse no fim do ano e não ganhasse um título, eu não estaria aqui”.

Abel já tem 241 jogos no comando do Palmeiras. São 142 vitórias, 57 empates e 43 derrotas. Nesse período, sob o seu comando, o time marcou 405 gols e sofreu 189. É ele o treinador mais bem pago da América do Sul. O português e sua comissão técnica, composta por quatro profissionais - recebem R$ 3 milhões mensalmente.

O comandante está há mais de mil dias no cargo e, embora dê sinais de desgaste físico e mental, não deve deixar o comando do Palmeiras tão cedo. Seu contrato foi prorrogado até dezembro de 2025 e ele só sairá caso queira. “É um clube que me valoriza, que me reconhece, onde você se sente parte do processo. Estou bem onde estou, estou onde quero estar”.

Abel Ferreira está a 2 jogos de se tornar o técnico mais títulos da história do Palmeiras Foto: Fabio Menotti/Palmeiras

Caso cumpra o contrato vigente, Abel completará cinco anos de Palmeiras e se tornará o técnico com maior longevidade no comando alviverde. O atual recordista no quesito é Oswaldo Brandão, com três anos e oito meses consecutivos entre novembro de 1971 e julho de 1975.

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Único presente nas últimas 11 semifinais do Campeonato Paulista, o Palmeiras vai jogar a decisão estadual pela 17ª vez na história (incluindo jogos-desempate de edições em pontos corridos), sendo a quinta consecutiva, algo inédito na história do clube, que ganhou busca o tri seguido do Paulistão, feito que não consegue desde 1934.

Considerando as partidas da temporada passada, o Palmeiras está invicto há 20 jogos (dez vitórias e cinco empates em 2024) e os cinco últimos do Brasileirão de 2023 (três triunfos e dois empates). É a maior sequência de invencibilidade da era Abel Ferreira, empatada com a registrada entre abril e junho de 2022 (15 vitórias e quatro empates).

Reconstrução com Carille

A temporada 2023 foi uma das mais tristes para o torcedor santista. Em luto pela perda de Pelé, em dezembro do ano anterior, o torcedor viu a equipe ser eliminada precocemente em diferentes competições, não se classificar à Copa do Brasil e ser rebaixado de maneira inédita à Série B do Campeonato Brasileiro. Marcelo Teixeira, que já havia presidido o clube por duas vezes anteriormente e conta com o prestígio dos santistas, foi eleito com a missão de “reconstruir o Santos e fazer o time voltar aos dias de alegria”.

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Para o trabalho da comissão técnica, o mandatário trouxe Fábio Carille do futebol japonês, em transferência que gerou ação na Fifa do V-Varen Nagasaki, antigo clube do treinador, alegando que o profissional ainda tinha vínculo e a multa rescisória, estimada em 1,5 milhão de euros (R$ 7,3 milhões), não foi paga. Em grave crise financeira, o Santos ainda busca um acordo. Na visão do clube, Carille estava liberado para assinar com qualquer outro clube a partir de 1º de janeiro, sem necessidade do pagamento de multa. Os japoneses alegam, porém, que o acordo com o técnico previa renovação automática.

Aos 50 anos, Carille teve a primeira experiência como treinador no Corinthians. Foi campeão brasileiro (2017) e tricampeão paulista (2017, 2019 e 2019). Ele acumulou passagem pelo futebol da Arábia Saudita antes de ser contratado pela primeira vez pelo Santos, em 2021. Apesar de a equipe já contar com um elenco mais fraco naquela época, comparado aos outros adversários de Série A, o treinador foi quem teve o melhor desempenho entre os nove que passaram pelo clube durante a gestão do ex-presidente Andrés Rueda, com 46% de aproveitamento (9 vitórias, 10 empates e 8 derrotas). Poucos meses após a demissão do técnico, Rueda admitiu, em entrevista ao Estadão, que se arrependeu de ter mandado o comandante embora.

Fábio Carille retornou ao Santos na esperança de reerguer o time. Foto: Ivan Storti/Santos FC

Fábio Carille ainda teve uma passagem relâmpago pelo Athletico Paranaense em 2022 antes de rumar ao futebol japonês. No seu retorno ao Santos, pôde contar com um elenco completamente renovado. Apesar de o time da Baixada disputar apenas o Estadual e a Série B neste ano, montou um elenco com peso de primeira divisão, com jogadores experientes. Os destaques são o zagueiro Gil e o meia Giuliano, ambos ex-jogadores do Corinthians, o volante Diego Pituca, velho conhecido da torcida, e o meia João Schmidt, ex-São Paulo. Os atacantes Guilherme, Pedrinho, e o remanescente Jullio Furch, também fazem boa temporada.

“Fomos muito felizes em buscar jogadores experientes, mas que têm fome, sede, ainda querem algo na vida, na carreira profissional e pessoal. Aliás, esse grupo vai fazer o 15° jogo na temporada e já está dando uma resposta. Temos que melhorar bastante. Hoje, o Palmeiras é um exemplo de continuidade. O Santos tem que passar por isso. Feliz por este momento, por chegar em mais uma final e se preparar para fazer um grande jogo na decisão”, disse Carille, em entrevista coletiva nesta sexta-feira, dia 29, na sede da Federação Paulista de Futebol (FPF).

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O Santos se classificou com folga em seu grupo na primeira fase e detém a segunda melhor campanha do Paulistão, com 9 vitórias, 2 empates e 3 derrotas, atrás apenas do Palmeiras. O alvinegro praiano não vence o Estadual desde 2016, quando levantou o troféu ao bater o Audax, na ocasião treinado por Fernando Diniz. De lá para cá, o melhor resultado do time santista foi o quarto lugar, conquistado em 2018 e 2019.

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