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Alef Manga, do Coritiba, recebeu R$ 50 mil no Pix de líderes do esquema de apostas

Atacante foi denunciado pelo MP de Goiás por ter feito acordo com apostadores para levar cartão amarelo em partida do Brasileirão de 2022

Foto do author Ricardo Magatti
Foto do author Vinícius Valfré
Por Ricardo Magatti e Vinícius Valfré
Atualização:

Alef Manga, um dos principais jogadores do Coritiba, está entre os sete novos jogadores denunciados pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO) por envolvimento com o grupo criminoso que fraudou apostas esportivas em jogos das Série A e B do Campeonato Brasileiro de 2022, além de outros torneios estaduais. Áudios e prints de conversas do atleta com os apontados como líderes da quadrilha dão embasamento à denúncia do MP.

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As investigações do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) apontam que Alef Manga fez acordo com apostadores para receber R$ 50 mil em troca de levar um cartão amarelo na partida contra o América-MG, pela 25ª rodada do Brasileirão de do ano passado, disputada no dia 3 de setembro. Segundo o MP, o atacante ganhou R$ 5 mil antecipadamente e o restante dias depois do jogo.

Diego Porfírio, ex-colega de Manga no Coritiba, foi quem indicou o atacante para o grupo de apostadores. Áudios e mensagens de WhatsApp entre os dois, aos quais o Estadão teve acesso, mostram Manga reclamando com Porfírio da demora em receber o resto do dinheiro depois de cumprir o que havia sido combinado com os apostadores.

Print de conversa em que Alef Manga combina com Diego Porfírio de levar amarelo em troca de dinheiro Foto: Reprodução

Leia a transcrição do áudio na íntegra:

“Não, demorou, eu te aviso. É que é fod* o Porfírio, fazer com aquele cara que é teu amigo lá eu nem to falando mais com ele direito não, mano. Sabe? Porque foi a maior briga para receber esse dinheiro dele aí, entendeu? Sempre dava uma desculpa. Aí depois que me pagou lá toda hora ficava mandando mensagem, toda hora, toda hora, para fazer de novo, fazer de novo, um atrás do outro, entendeu? E eu falando para ele que não é assim, não, espera um pouco, passar uns dois ou três jogos para fazer de novo. Aí mandava mensagem de novo que era próximo jogo, mandava mensagem. Tipo, e eu falando para ele que não era assim, porque fica tomando cartão direto assim os caras vai perceber, vai imaginar coisa. Ah, mano, ele não quis entender meu lado também eu deixei de falar com ele, até bloqueei o número dele viad*, de verdade mesmo. Mano, foi suado para pegar dinheiro com esse cara, mano. Ah não gosto de cara assim não mano. O que é nosso, é o nosso nome que está em jogo né viad*, na hora que é para tomar cartão a gente toma e na hora de receber um dia depois fica ‘ah porque não sei o que, porque a Bet não pagou, não entrou, aí dava picadinho tá ligado, dava cinco mil, depois dava mais três mil. Maior confusão, aí peguei e larguei entendeu?

Apontados como dois dos líderes do esquema fraudulento de apostas, Bruno Lopez e Thiago Chambó disseram no grupo de WhatsApp chamado “Operação FDS” que Manga recebeu o dinheiro prometido em sua própria conta bancária. “Pix no nome, bicho doido”, escreveu Bruno Lopez, o BL, antes de encaminhar diversos comprovantes para Chambó comprovando os pagamentos em benefício de Manga. Lopez e Chambó são réus em duas ações penais e estão presos desde abril.

Oito depósitos, totalizando R$ 50 mil, foram feitos das contas de Luis Felipe Rodrigues de Castro, Camila Silva da Motta, mulher de Bruno Lopez, e da BC Sports Management, empresa da qual o casal é sócio, nos dias 2, 12, 13, 14, 16 e 19 de setembro, como mostram os extratos bancários dos investigados. Nas investigações, Camila aparece dizendo querer ajudar o marido na operação. Ela fazia então toda a “contabilidade” do esquema, pagando os atletas envolvidos nas manipulações.

Apostadores dizem em conversa que fizeram o pix para Alef Manga Foto: Reprodução

Porfírio já confessou em depoimento aos promotores do MP ter participado do esquema e fez acordo para colaborar com as investigações. O jogador admitiu ter indicado Manga aos apostadores.

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Na continuação da conversa, Manga é questionado se levaria outro amarelo. Ele responde que “mais pra frente”, contra o Corinthians, em duelo da penúltima rodada. No entanto, o atacante não foi advertido com o cartão naquela partida.

Alef Manga chegou a ser afastado pelo Coritiba em maio deste ano depois que vieram à tona as primeiras conversas com o grupo de apostadores. No entanto, foi reintegrado pelo clube dias depois. Ele não falou sobre seu envolvimento no esquema de apostas desde que voltou a jogar e tem sido um dos principais jogadores da equipe, tanto que é o artilheiro do time no ano, com 13 gols em 25 jogos.

O QUE DIZEM OS ENVOLVIDOS

Procurado pelo Estadão, o advogado de Alef Manga afirmou que está analisando ainda a denúncia oferecida e documentos e que “em breve” irá se pronunciar. O Coritiba não respondeu aos contatos da reportagem.

Jeffrey Chiquini, advogado que abriu mão em maio da defesa Alef Manga, lamentou a participação de seu ex-cliente no esquema. “É uma pena tudo isso. Nosso melhor jogador. Eu queria apenas o melhor para o Coritiba e para meu cliente. O acordo seria a melhor estratégia jurídica”.

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