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Aos 9 anos, 'Nati' reforça os meninos do sub-10 do Avaí

Menina vai jogar ao lado de garotos de 10 e 11 anos no clube catarinense, seu time do coração

Por Catharina Obeid
Atualização:

Aos 9 anos, Natália Pereira já quebrou barreiras. A atacante de 9 anos é o novo reforço da equipe sub-10 do Avaí. Ao passar pelos testes, a pequena se tornou a primeira menina a entrar na base de um time masculino entre todos os clubes da elite do Campeonato Brasileiro. Daqui pra frente, a torcedora do Leão não irá só assistir, mas também participar de torneios de futebol de campo e futsal pelo time do coração.

Natália é a única atleta do sexo feminino do elenco e atuará ao lado de meninos de 10 e até 11 anos. A decisão de contratar o novo reforço foi de Diogo Fernandes, coordenador geral da base do Avaí, que viu na jogadora qualidades que devem ajudar a equipe. “O que mais chama a atenção sobre ela são os fundamentos técnicos como domínio, passe e principalmente finalização. Ela tem um grande potencial para ajudar a equipe no sistema ofensivo”, afirma o dirigente.

Natália Pereira sonha em se tornar profissional e conquistar uma Bola de Ouro. Foto: André Palma Ribeiro/Avaí FC

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Diogo Fernandes também conta que há um planejamento para acrescentarem uma divisão na categoria mirim voltada apenas para garotas, bem como a criação de uma equipe profissional feminina – exigência da CBF para os times da Série A do Brasileirão –, mas ainda não tem muitos detalhes sobre o andamento dos projetos.

Após ser aprovada, Nati, como gosta de ser chamada, visitou a equipe profissional, bateu bola com os jogadores e posou para foto ao lado do capitão Betão. “Antes era só um sonho... agora é real: eu sou a primeira menina a participar da categoria de base masculina, de um time profissional de Série A”, comemora a atleta mirim que divulga vídeos de seus muitos gols, assistências e embaixadinhas nas redes sociais.

A meia-atacante teve seu primeiro contato com a bola por influência de seu irmão mais velho. “Com três aninhos ela já jogava. A gente percebia que o jeito dela de bater na bola era completamente diferente”, relata Fabiano Linhares, pai da pequena. Mesmo sempre tendo jogado com meninos da família e na escolinha do colégio, ela se destacava. Foi então que surgiu a vontade de transformar o que era um passatempo em algo mais sério. “Ela queria disputar competições”, relembra Fabiano. Tentou entrar no time de meninos da escola, mas não foi aprovada.

“Ela ficou muito triste, mas focou em não desacreditar e não deixar o sonho dela para trás. Isso deu até mais força para ela e para a gente”, conta o pai. Aos sete anos de idade, Natália já tinha decidido que queria ser jogadora de futebol. Agora, dois anos depois, ela vê que seu sonho pode se realizar e trabalha para isso. Além do compromisso com o clube catarinense, ela seguirá participando das atividades do Centro Olímpico de São Paulo, local onde também foi aprovada e treina uma vez por mês.

O próximo passo? Natália tem consciência de que se uma equipe feminina não for criada, precisará procurar um clube que tenha a categoria ao completar 13 anos. “Para a gente é muito mais difícil, os meninos com essa idade já podem assinar contrato e continuar jogando”, analisa. Ao menos em seu plano, ela deu seu jeito: atuar pelo Leoas da Serra, clube de Amandinha e Diana, duas inspirações para a atleta mirim.

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Maior que elas só Marta, a ‘Rainha do Futebol’. A cada resposta, Nati cita ao menos uma vez a camisa número 10 da seleção brasileira. Seu sonho? “Conseguir uma bola de ouro que nem a Marta”. Clube em que quer jogar? “No Orlando Prime, onde a Marta joga”. Quem ela parece dentro de campo? “Todo mundo diz que eu sou a Mini-Marta”, afirma, orgulhosa. “Você sabia que ela passou o CR7 ao ser considerada seis vezes melhor jogadora do mundo?”, questiona.

Antes de assinar com o Avaí, a jogadora integrava o time sub-9 da ADIEE e disputou a Liga de Futsal da Grande Florianópolis. Por lá, a primeira e única menina na equipe foi vice-artilheira do time na competição que reúne cerca de 900 meninos ao balançar as redes 14 vezes. Conhecida por seu sorriso no rosto e laço no cabelo, Nati também marcou quatro gols na final do campeonato indoor que a equipe participou.

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