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Mudança na janela de transferências de 2024 pode impactar clubes; saiba por quê

Encurtamento do período de negociação de atletas no começo do ano foi demanda dos times da elite para aumentar tempo de reposição a vendas do meio da temporada, mas pode prejudicar equipes menores

Foto do author Marcos Antomil
Por Marcos Antomil
Atualização:

A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) divulgou no último mês o calendário de competições de 2024 e, com ele, apresentou uma mudança significativa na janela de transferências que pode impactar os times brasileiros. Ao delimitar uma data para início e fim das transações, a Fifa - em conjunto com suas entidades nacionais filiadas - determinou que um atleta, seja nacional ou estrangeiro, só pode ser registrado nesse período, sendo vedada compra ou vindo por empréstimo fora da data estipulada. O primeiro período para contratações em 2024 será iniciado em 11 de janeiro e finalizado em 7 de março.

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Tratativas, acordos e assinaturas de contrato podem acontecer ao longo do ano, mas a efetivação da negociação, que permite ao jogador atuar, só é avalizada nessa época de janela aberta. Já a venda ou cessão por empréstimo de atletas para o exterior é liberada, seguindo o calendário da janela de transferências do país de destino. Única exceção diz respeito a jogadores que não estejam vinculados a times por terem rompido ou encerrado seus contratos antes ou durante a janela mais recente. Neste caso, esse jogador pode ser inscrito em novo clube, independentemente de a janela estar aberta ou fechada.

No caso do Paulistão, o Estadual começa entre os dias 17 e 21 de janeiro - após a abertura da janela - e tem sua primeira fase encerrada no dia 10 de março - três dias após o fechamento da janela. A fase mata-mata termina, com a segunda partida da final, no dia 7 de abril.

Fernando Diniz, treinou o Audax, clube de pouca expressão em São Paulo e teve jogadores negociados apenas após o fim do Paulistão, em 2016. À época, a janela não valia para o mercado interno. Foto: Amanda Perobelli/ Reuters

Isso significa que times de pequeno porte (sem divisão nacional) podem não conseguir contratar jogadores importantes para os Estaduais - como de costume, principalmente no Paulistão - ou até perder os seus próprios atletas em meio ao torneio, uma vez que esses jogadores terão de pensar em que time atuarão após o encerramento da janela de transações.

Caso não encontrem um clube com calendário até o dia 7 de março para o restante da temporada e decidam honrar compromissos com seus respectivos clubes até o fim dos Estaduais, esses atletas ficam sem jogar até a próxima janela, que abre em 10 de julho e fecha em 2 de setembro.

Os times menores, portanto, podem ter de atuar na última rodada da fase de grupos do Paulistão ou etapas derradeiras de outro Estadual com desfalques por causa do fim da primeira janela de transferências. Aqueles que tiverem competência para chegar às fases decisivas dos torneios devem negociar seus destaques, de modo a serem prejudicados esportivamente, mas ganhar em receita.

Essas equipes costumam sobreviver com a venda de atletas que despontam nos Estaduais. Isso também representa que os jogadores terão menos tempo para ganhar destaque nesses torneios. Serão apenas 11 jogos até o fim da janela. Quem quiser mostrar serviço e cavar lugar em um time de Série A e B, por exemplo, terá de correr contra o tempo para exibir em campo sua qualidade.

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O que muda para os times de elite?

Os clubes da elite terão de reforçar seus elencos logo nos primeiros meses do ano. Terão um mês a mais de janela em agosto. Essa alteração promovida pela CBF foi uma demanda das equipes grandes do Brasil para evitar a perda de atletas para a Europa sem que haja tempo hábil para reposição no meio do ano. Dessa forma, a janela brasileira de “inverno” coincidirá com a janela europeia de “verão” em 2024.

O Palmeiras, de Abel Ferreira, foi um dos times que sugeriu a alteração nas datas das janelas de transferência. Foto: Amanda Perobelli/ Reuters

Caso do Água Santa não serviu de aprendizado?

Para a temporada de 2023, a CBF definiu que a primeira janela de transferência seria aberta em 11 de janeiro e encerrada em 4 abril. Portanto, com uma duração aproximada de três meses. Já o segundo período de transações teve início em 3 de julho e fechou em 2 de agosto.

Mas um caso emblemático chamou a atenção de todos por causa do primeiro período de transferências. O Água Santa, finalista do último Paulistão, chegou à decisão com o Palmeiras e poderia perder grande parte do elenco para o segundo jogo, por causa da janela que se fecharia na semana da definição do campeão. Vários jogadores já haviam acertado transferência com outras equipes e teriam de deixar o clube na mão. O caso veio à tona por meio do técnico Thiago Carpini, do próprio Água Santa.

Água Santa foi vice-campeão paulista, sendo derrotado na final pelo Palmeiras. Foto: Alex Silva/ Estadão Conteúdo

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A CBF, então, com a anuência dos clubes das Séries A e B, autorizou que os atletas que estivessem em clubes participantes das fases derradeiras dos Estaduais poderiam se transferir fora de data. Em 2024, não há notícia sobre tal eventualidade.

Esse problema com transferências entre clubes brasileiros não existia até 2022, ano em que foi instituída a janela nacional para seguir um padrão da Fifa. Antes disso, os clubes brasileiros podiam negociar jogadores entre si a qualquer data, desde que estes atletas ainda não tivessem realizado sete partidas do Campeonato Brasileiro pela equipe vendedora, no caso de o clube comprador ser da mesma divisão.

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