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'Nosso momento é uma vergonha', admite meia chileno

Jogador do Palmeiras expõe as mazelas do clube e conta não admitir ser considerado o culpado por má fase

Por Ciro Campos
Atualização:

A crise no Palmeiras fez com que o principal jogador do time, o chileno Valdivia, levasse mais de uma hora nesta terça-feira para responder às perguntas sobre como se salvar do rebaixamento no ano do centenário. O capitão prometeu encarar os dois jogos restantes como se fossem uma Copa, mesmo sem ainda ter presença confirmada – ele se recupera de uma lesão na coxa esquerda. A seguir, confira os principais trechos da entrevista.

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MEDO DA QUEDA

Em 2012 foi diferente. A gente caiu com muita antecedência. É difícil, porque o que se fala não é de Libertadores, Sul-Americana ou de título. No ano do centenário do clube a luta é para não cair. Tem muita gente jovem no clube, criada na casa e alguns, como eu, que já caíram para a Série B. Ninguém quer isso para sua carreira. É difícil em um grupo que tem 40 jogadores fazer com que todo mundo tome consciência do que significar cair para a Serie B de novo e no ano do centenário.

PROJETO PARA 2015

Pelo o que o Paulo (Nobre) e o (Wlademir) Pescarmona (candidatos à eleição) falam, a vontade deles é criar uma equipe forte. Mas todo ano o papo é o mesmo. Não é a questão de trazer o Messi e o Cristiano Ronaldo, tem que ter o elenco, para não ser só um jogador para assumir a responsabilidade. Nós continuamos acreditando que o time é bom e tem muita qualidade, mas quando os resultados não vêm, você perde a confiança e já passei por isso. 

Valdivia não atuou na estreia do Palmeiras no novo estádio, mas enfrenta o Coritiba Foto: Alex Silva/Estadão

DÍVIDA COM O CLUBE

Sabia que essa pergunta ia surgir. Trouxe os números comigo (começa a mexer no celular). O Palmeiras fez 36 partidas no Brasileiro, joguei 16, fiquei de fora 20, mas apenas em sete delas por lesão. Em seis vezes estive na seleção, por suspensão foram duas e também teve a venda para os Emirados Árabes. Mas já não era jogador do Palmeiras, porque não recebia mais do clube. Fiquei fora dessas partidas, nas quais ninguém pode colocar o dedo na minha cara e me culpar. 

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SALÁRIO ALTO 

Duvido que alguém da diretoria falaria que o meu salário é de 500 mil reais, como dizem por aí. Tem semana que é de R$ 600 mil ou tem dia que parece que o Paulo Nobre faz um esforço e recebo R$ 700 mil. Pode investigar quanto o Valdivia ganha. Não chega a R$ 400 mil nem a R$ 300 mil. Sou bem pago, sim, muito bem pago, mas não porque cheguei de graça. Quando vim em 2006, o meu salario era de R$ 30 mil. Fui escolhido o melhor jogador do time entre 2006 e 2008. Nunca fui na diretoria e pedi aumento de salário para ninguém.

NÃO CAIR SERÁ UM TÍTULO

Título é importante, é o que mais interessa na carreira, do que mais o torcedor gosta, e é para isso que a gente acorda e vem trabalhar. Pelo momento e pelo ano que temos passado, deixar o Palmeiras na Série A não será um título, é claro, mas será um fato muito importante para ser lembrado. Antigamente se você ganhava títulos, virava ídolo. Agora se deixar o Palmeiras na Série A, também vira. Pela situação que o clube passa, seremos relembrados.

AMBIENTE 

Tem muito jogador no time que está em fim de contrato e isso é complicado. Tem jogador que pensa: “meu contrato está acabando e não vou me expor, porque não quero ser o responsável pela queda”. Não posso ser falso e dizer que isso não acontece. Mas, quem está nessa situação, precisa pensar ao contrário, mostrar que pode permanecer no clube.

COBRANÇA 

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Cobrar e ter responsabilidade é muito diferente de falar que no momento em que o clube precisou eu não estava. Em que momento o Palmeiras não precisou de mim? Ou que o técnico pediu para eu descansar? Nunca! Na semifinal do Paulista, contra o Ituano, eu tinha o tornozelo do tamanho de uma melancia, mas tive de jogar sem condições. Se é para atribuir que o Valdivia não estava quando o Palmeiras precisou, é errado. O time sempre precisou de mim. Fiquei mal por não poder jogar contra o Sport. Era a estreia do time no estádio. Na sexta o elenco viajou para Curitiba e eu fiquei aqui para tratar a lesão. Não fiquei em casa assistindo televisão.

ERROS DA ADMINISTRAÇÃO

Não tem um presidente que pense pequeno. Ainda menos quando se está no Palmeiras no ano do centenário. Erros, todo mundo comete. A gente perdeu jogadores por vários motivos, mas não adianta agora, 25 de novembro, ficar lamentando as perdas. Neste ano a gente teve várias mudanças, a Copa, a vinda de um treinador argentino, que não conseguiu se adaptar aos jogadores e ao idioma. Ainda veio o Dorival, que precisou chegar em uma equipe já montada, o que é mais difícil. Cada um tem a sua responsabilidade. Pela grandeza que o clube tem, o presidente nunca vai desejar o pior para o Palmeiras, mas infelizmente o nosso momento é um dos piores e é vergonhoso.

MALA BRANCA

Não me preocupo com especulação. Muitas se especula e tem coisa que é dificil de comprovar. Se o palmeiras der dez para o Flamengo ganhar do Vitória, o Vitória por dar 20 para os jogadores e eles irem lá e ganharem. Não me preocupo se o Vitória vai ganhar ou não do Flamengo. Quero ficar 100% preparado e treinado para o que será o jogo contra o Inter. A minha preocupação é o Palmeiras, ver se o grupo está motivado e que apesar de tudo o que está acontecendo, possamos ter qualidade e confiança para encarar uma partida que sera difícil. Prefiro ficar preocpado no jogo entre o Inter e o Palmeiras. No futebol nesse momento tem muita grana que pode motivar um ou outro, mas acho que você é pago pra jogar e para ganhar, mas se tem alguem querendo dar dinheiro pro Flamengo ganhar, não é diferente do que você receber durante o mês. O Flamengo tem muita história, briga pelos seus objetivos, tem jogadores que não precisam ser pagos para entrar em campo. O Palmeiras tem duas chances para seguir na Serie A.

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