PUBLICIDADE

Publicidade

Los Angeles Rams e Cincinnati Bengals se enfrentam em um Super Bowl imprevisível

Resultados surpreendentes nos playoffs garantem um ar de suspense à final da NFL, que acontece neste domingo, SoFi Stadium em Inglewood 

Por Paulo Mancha
Atualização:

Poucas vezes na história a NFL teve uma reta final tão imprevisível, com zebras, viradas milagrosas e jogos decididos nos últimos segundos. Exatamente por isso as expectativas se agigantaram em torno do Super Bowl, a grande final da liga, que acontece em Los Angeles neste domingo, às 20h30 de Brasília, com transmissão dos canais ESPN e da RedeTV.

Em campo, duas equipes que surpreenderam. Cincinnati Bengals e Los Angeles Rams mostraram que o equilíbrio é crescente na NFL atual e não dá para cravar um resultado. Em nenhum momento da temporada regular esses times estiveram no top 5 dos “power rankings” - a classificação de força das equipes feita pelo site da própria NFL. Ainda assim, nos playoffs, ambas dominaram os gramados, eliminando os favoritos que cruzaram seus caminhos.

Los Angeles Rams e Cincinnati Bengals se enfrentam no Super Bowl no SoFi Stadium Foto: Kirby Lee / USA Today

PUBLICIDADE

Os Rams, por exemplo, despacharam o todo poderoso Tampa Bay Buccaneers, vencedor do último Super Bowl, comandado por Tom Brady, considerado o maior quarterback de todos os tempos. Já os Bengals bateram o Kansas City Chiefs, campeão do penúltimo Super Bowl, que tinha em campo a superestrela Patrick Mahomes.

A partida deste domingo revela uma série de contrastes: o Los Angeles Rams reuniu um elenco de veteranos com salários astronômicos. Num movimento comparado ao "all in" do pôquer, cedeu diversas escolhas futuras no draft da NFL para outras equipes em troca de medalhões do naipe de Von Miller (32 anos) e Matthew Stafford (34 anos), que pisarão no gramado neste domingo com tanta responsabilidade quanto experiência.

O Cincinnati Bengals, por sua vez, apostou em um escrete bem mais humilde, formado em casa com jogadores trazidos recentemente do futebol americano universitário. Sua maior estrela, o quarterback Joe Burrow, tem apenas 25 anos e está na sua segunda temporada como profissional.

Até o técnico principal da equipe é novo. Com 38 anos de idade, Zac Taylor será o segundo mais jovem head coach da história do Super Bowl. O primeiro? Seu rival na partida, o técnico dos Rams Sean McVay, que comandou a equipe em 2019, quando tinha apenas 33 anos de idade. Naquela ocasião, os Rams perderam o Super Bowl para os Patriots por 13 a 3.

MATURIDADE PRECOCE

Publicidade

O mais curioso é que Zac Taylor foi auxiliar de Sean McVay em 2017 e ambos são amigos próximos. “Dizem que se você toma um café com Sean, vira técnico na NFL", brincou o treinador dos Bengals na primeira entrevista coletiva da semana. E há muita verdade nisso, porque você ganha uma tonelada de autoconfiança só de passar algum tempo com elenco, declarou sobre o ex-chefe.

Autoconfiança é, de fato, a palavra de ordem em Cincinnati. Mesmo com uma equipe tão jovem, os Bengals revelaram uma maturidade incomum nos gramados. Saíram da condição de saco de pancadas da liga, com apenas seis vitórias combinadas nas duas últimas temporadas, para a boa marca de 10 vitórias e 7 derrotas em 2021. O sucesso se deu graças ao ataque. Além de Joe Burrow, com seu estilo clássico e elegante, a equipe conta com o explosivo wide receiver Ja'Marr Chase de apenas 21 anos, que estreou ano passado na NFL após uma brilhante carreira no time da Lousiana State University.

Joe Burrow, quarterback doCincinnati Bengals, pode ter decisivo para o time ficar com o título Foto: Gary A. Vasquez / USA Today

Chase chegou à liga destruindo recordes. É dele a marca de maior número de jardas conquistadas por um recebedor novato na história da liga: 1743, incluindo os jogos dos playoffs. Graças a isso, ele foi eleito o “Atacante Calouro do Ano” na última quinta-feira, durante a cerimônia do NFL Honors, evento que premia os melhores da temporada.

Na defesa, o esquadrão de Cincinnati ficou no pelotão intermediário das estatísticas, cedendo uma média de 22 pontos por jogo aos adversários. Seu destaque é o defensive end Trey Hendrickson. Aos 27 anos, ele quebrou o recorde de sacks na história da equipe, derrubando 14 vezes os quarterbacks adversários antes que pudessem lançar a bola em partidas desta temporada.

PUBLICIDADE

Do outro lado, os Rams apostam na experiência do quarterback Matthew Stafford, aliada à técnica refinada do wide receiver Cooper Kupp, que liderou todas as principais as estatísticas de recepções de passes da liga. Eleito o “Jogador de Ataque do Ano”, Kupp somou 1947 jardas em marcou 16 touchdowns durante a temporada regular, números impressionantes. “Não teríamos a menor chance de chegar até aqui sem ele”, declarou o técnico Sean McVay na coletiva da última quarta-feira, em Inglewood.

A DEFESA PODE DECIDIR

Na defesa, os Rams contam com grandes trunfos. A começar por Aaron Donald, defensive tackle que ao longo das últimas oito temporadas se tornou o pesadelo dos quartebacks adversários. Donald já foi eleito três vezes o melhor defensor da liga e ostenta vários recordes nos Rams, inclusive o de maior número de sacks na carreira, tendo derrubado 98 vezes os quarterbacks dos demais times.

Publicidade

Não é só ele. A equipe de Los Angeles ainda terá em campo um cornerback fora do comum. Adquirido a peso de ouro, Jalen Ramsey é o mais eficiente marcador de wide receivers da liga, de acordo com a métrica utilizada pelo Profootball Focus, site americano que avalia objetivamente os atletas. O duelo dele com Ja'Marr Chase, dos Bengals, promete ser um dos fatores de emoção neste Super Bowl.

Aaron Donald é um dos trunfos da defesa do Los Angeles Rams Foto: Mark J. Terrill / AP

Vale lembrar que, em uma pós-temporada com jogos tão apertados, decididos no final, os kickers têm feito a diferença. Não é nada improvável que o jogo deste domingo tenha seu placar definido num chute. Nesse quesito, um empate técnico. Os Rams levam uma pequena vantagem, se consideradas as estatísticas da temporada regular. Matt Gay teve o segundo melhor aproveitamento dentre os chutadores das 32 equipes, com 32 fied goals marcados em 34 tentativas - nada menos que 94,1% de sucesso. Já Evan McPherson, dos Bengals, errou cinco das suas 33 tentativas de field goal, perfazendo 84,8% de acertos, o que lhe deixou na posição 19 do ranking. Mas, nos playoffs, Gay teve dificuldades, enquanto McPherson foi perfeito e acertou chutes em momentos cruciais, sem ser afetado pelo nervosismo.

FAVORITOS, PERO NO MUCHO...

Tanto para os analistas quanto para os apostadores, o favoritismo é do Los Angeles Rams, sobretudo por conta da forte defesa. “Eu vejo as pessoas dizerem isso e penso: cuidado com essas previsões... Os Bengals bateram os melhores times da conferência no caminho para a final”, argumenta o comentarista da NBC, Chris Collinsworth, ele mesmo um ex-atleta do time de Cincinnati.

A equipe corre por fora e tenta finalmente entrar no seleto rol de clubes vencedores do Super Bowl. O time do estado de Ohio disputou a grande final duas vezes nos anos 1980, perdendo em ambas para o San Francisco 49ers. Já os Rams buscam levantar o troféu 22 anos depois de seu primeiro e único triunfo, no Super Bowl XXXIV, em janeiro de 2000.

Não são as franquias mais tradicionais da NFL, nem as que têm mais torcedores. Tampouco as mais vitoriosas. Mas os times da Califórnia e de Ohio prometem uma partida equilibrada e com muita técnica em campo. Tudo o que o fã espera de uma boa final.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.