E notem que não falei "futebol brasileiro". Porque tenho a impressão de que a seleção desistiu de jogar o tal do futebol brasileiro, o nosso estilo, etc e tal. Vamos reconhecer: a última Copa que o Brasil jogou à brasileira foi a de 1982. E não ganhou. Poderia e deveria ter ganhado. Mas não ganhou.
Há muito o futebol brasileiro, através de técnicos como Felipão, Parreira e outros tentam imitar o futebol europeu. Chegam a falar em "futebol mundial". Seria uma espécie de MacDonald's do futebol. Um sabor universal. Uma verdade única, inescapável. Já se pensou dessa forma em economia. Pensa-se agora em termos de futebol. No próprio Brasil, a própria crônica, em sua maioria, acha que é assim. Abre uma exceção para o Barcelona, xodó atual, e ponto. O resto tem de jogar do mesmo jeito.
A minha tese é que o Brasil decaiu, desde quando deixou de acreditar em seu estilo. Não tem a coragem de impor um estilo, uma ideia de jogo que já foi invejada mundo afora. Hoje, pelo contrário, fala-se em mandar todos os craques jogares na Europa para que aprendam o verdadeiro jogo. Galvão Bueno foi apenas mais um entre os que verbalizaram esse tipo de ideia. É o Brasil colonial, cheio de complexos, que fala por essas palavras.
Vi vários jogos entre o estilo brasileiro e o europeu. Nem sempre o estilo brasileiro prevaleceu. É da vida. Às vezes ganha um, outras vezes ganha outro. O chato, a meu ver, é a falta de diversidade. A falta de personalidade dos jogadores e treinadores brasileiros, que procuram imitar o que fazem os europeus.
Ora, os europeus nunca tentaram nos imitar, mesmo porque sabiam-se incapazes disso. Usaram o que tinham de melhor para nos vencer: força física e organização tática. Por fim, nos venceram de maneira definitiva (pelo menos até agora) através do seu maior trunfo: a força da grana. Transformaram-se na meca absoluta do futebol e recolonizaram corações e mentes. Essa é sua maior vitória. À qual nos submetemos, vira-latas que somos.
É a maior prova da nossa servidão voluntária: queremos adaptar o nosso jogo ao deles. Não vai dar certo.