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'Rivalidade vai além das outras que vivenciei'

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Por PEDRO PROENÇA
Atualização:

Evaristo de Macedo foi o primeiro brasileiro a jogar pelas duas equipes. Ele atuou de 1957 a 1962 no Barcelona e de 1962 a 1965 vestiu as cores do Real Madrid. Foi bicampeão espanhol pelas duas equipes, mas sua identificação é maior com o time da Catalunha, onde jogou por meia década, e fez 178 gols em 226 partidas. Pelo Real, devido às lesões em seu joelho, disputou apenas 19 jogos e fez seis gols. Nesta entrevista ao Estado, Evaristo, aos 79 anos, fala um pouco de sua passagem pelos maiores rivais da Espanha.Como senhor via a rivalidade entre Real e Barcelona?É uma rivalidade política, quanto a isso nunca tive dúvida. É o jogo entre o "Estado da Catalunha" e o "Estado de Castela", algo que transcende a esfera esportiva. Os catalães são muito ressentidos pela perda de liberdade que eles tiveram no franquismo, a Guerra Civil... por isso sempre era um clima que ia além das outras rivalidades esportivas que vivenciei.O que marcou em sua passagem pelo Barcelona?Sem dúvida, a forma como fui recebido. Todos me trataram muito bem e lá pude desenvolver meu melhor futebol. Deixei grandes amigos lá. Mas há um ponto negativo: fiquei muito sentido com a perda da Liga dos Campeões para o Benfica na temporada 1960-1961, quando perdemos por 3 a 2. Fomos melhores, dominamos o jogo, mas os benfiquistas foram mais efetivos...Mas antes disso vocês eliminaram o Real Madrid nesse torneio. O senhor inclusive fez um gol decisivo.Verdade. Foram duas partidas emocionantes e o Real tinha uma grande equipe. Marquei o gol no Camp Nou, de cabeça, que nos permitiu ter mais tranquilidade na partida. Foi um dos mais importantes que fiz pelo clube. O senhor jogou pelo Real Madrid depois. Como foi a reação da torcida?Eu sofria pressões no Barcelona para me naturalizar espanhol, algo que não me atraía. Meu contrato com o Barcelona acabou e o Real me fez uma proposta que eu aceitei. A torcida não ficou brava comigo, não houve nenhum tipo de polêmica. Acho, inclusive, que eles ficaram mais chateados com a diretoria por ter deixado eu ir embora...E como foi sua recepção no Real? Dizia-se que Franco tinha simpatia pelo Real...Nunca notei uma influência do Franco no clube. Nunca. Os jogadores que lá estavam me receberam muito bem. O problema é que minhas lesões me impediram de jogar como eu gostaria.

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