PUBLICIDADE

Publicidade

Vinícius Waked tenta recuperação com técnica centenária

Nadador utiliza máquina de descompressão com novas tecnologias

Por Gustavo Zucchi
Atualização:

Vinícius Waked tem dois desafios em 2016. E nenhum dos dois é fácil. O primeiro é conseguir o índice olímpico para disputar os Jogos Olímpicos do Rio.  Especialista nas provas do 100 e 200 metros livre, o atleta corre contra o tempo para conquistar uma das quatro vagas disponíveis. Mas para conseguir isso ele vai ter de resolver o segundo empecilho: um problema de hérnia em suas costas, nas vértebras L1 e L2 e uma protusão na L3 e L4. Se dentro da piscina ninguém pode lhe ajudar, fora dela ele está tentando se livrar da dor utilizando, por recomendação de seu médico, uma máquina de descompressão, técnica antiga que ganhou novidades para ser mais eficaz."Passei por fisioterapeutas e os resultados não alcançavam as expectativas. Quando comecei na Máquina de Descompressão eu classificava minha dor numa escala de 0 a 10 sendo 9. Após o segundo dia de tratamento já senti uma melhora e meu corpo reagiu bem. Até nos treinamentos meu tempo melhorou”, revela o atleta, mais animado. Segundo as explicações do Dr. Rodrigo Amaral, ortopedista que apresentou a descompressão ao nadador, trata-se de um processo de tração vertebral. Deitado na máquina, o paciente tem o tórax preso em um ponto de apoio enquanto outro ponto fica na altura do ilíaco, o osso da bacia. A máquina então aplica tração e distração entre os dois pontos, afastando por milímetros a distância entre eles. Isso reduziria a pressão sobre o disco e permitiria a entrada de nutrientes e água. A novidade ficaria por contra do chamado "bio feedback".

Waked afirma ter tido melhora na máquina de descompressão Foto: Divulgação

"A grande mudança não foi necessariamente a realização da tração, mas o “bio feedback”. Uma série de sensores de alta tecnologia que permite identificar a resistência do músculo durante a aplicação. Ele consegue antes que o músculo entre em espasmo e faz o relaxamento dessa fibra muscular", explica o especialista. Ainda de acordo com o médico, a vantagem da técnica para Waked seria por não utilizar medicamentos e por não ser influenciada pela musculatura de atleta de alto rendimento. "O Vinícius tem uma musculatura extremamente resistente. O método da fisioterapia pode ter tido uma dificuldade em alcançar eficácia por causa dessa capacidade muscular. A minha escolha pelo método para ele é porque conseguimos melhorar o micro ambiente vascular intervertebral sem necessidade de medicamentos, já que o remédio pode funcionar como agente de doping", completa. Ela seria recomendada para tratamentos de doenças discais degenerativas e abalamentos discais, situações pré-hérnia de disco.FUNCIONA?Entretanto, há discordâncias a respeito da eficácia do tratamento em máquinas de descompressão. "Não creio que o resultado clínico obtido pelo nadador tenha relação com o uso da máquina de tração e descompressão. Esse processo pode estar ligado à história natural de autorresolução do caso ou ainda do somatório das intervenções fisioterapêuticas e medicamentosas. Isso está claro nos trabalhos científicos mais atuais", disse o Diretor da Sociedade Brasileira de  Fisioterapia (SBF), Dr. Wiron Correia Lima. Assim como o Dr. Rodrigo, ele explica que a técnica sobre tração não é recente, já tendo relatos de sua utilização há mais de 100 anos, mas discordo a respeito de sua eficácia."Não existe na literature científica consenso sobre a eficácia das máquinas de descompressão para hérnias de disco, por exemplo", afirma, deixando claro que  a SBF não condena o uso das máquinas, mas pede cautela na divulgação dos resultados. "Alcançamos resultados na casa dos 85%. Eu diria que quase 100% dos pacientes têm uma mudança no padrão de dor", afirma o Dr. Rodrigo Amaral. "Ela complemente, eu não diria substitui a fisioterapia. Uma coisa acaba não existindo sem a outra. Elas são suplementares", completa o ortopedista. Nisso, os especialistas concordam: o acompanhamento de um especialista é fundamental.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.