Uma filmagem de homens descartando alimentos ao lado de caminhões, no espaço da Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo (Ceagesp), circula pelas redes sociais com legendas negativas sobre o governador João Doria. As postagens com o vídeo, da última semana, são enganosas em relação à data da gravação. O vídeo é de 11 de fevereiro deste ano, após o temporal que atingiu a Grande São Paulo no dia anterior e alagou o entreposto. A peça circulou amplamente na ocasião e foi usada por veículos de imprensa.
Na ocasião, o balanço feito pela companhia foi de um prejuízo estimado em R$ 24 milhões e sete mil toneladas de alimentos jogadas fora. Em postagem da última sexta-feira, 27,o Ceagesp reforçou que seu funcionamento segue normal. A assessoria do grupo confirmou ao Estadão Verifica que o vídeo é antigo e, em nota, afirma que a desinformação "têm como único objetivo prejudicar nossas atividades e, consequentemente, o abastecimento."
As páginas que compartilharam o conteúdo no Facebook são de apoio ao presidente Jair Bolsonaro, que desde quarta-feira passada faz declarações fortes contra Doria. Pelo contexto de suas publicações e comentários é sugerido que o desperdício de alimentos tem relação com a determinação do governo estadual paulista de fechamento do comércio e serviços não essenciais. No entanto, serviços de alimentação e abastecimento não estão incluídos. Na sexta-feira o governo federal criou o slogan 'o Brasil não pode parar', tema da campanha criada pelo governo contra o isolamento decretado na maioria dos Estados.
Este conteúdo também foi verificado pelo Fato ou Fake.
Este boato foi checado por aparecer entre os principais conteúdos suspeitos que circulam no Facebook. O Estadão Verifica tem acesso a uma lista de postagens potencialmente falsas e a dados sobre sua viralização em razão de uma parceria com a rede social. Quando nossas verificações constatam que uma informação é enganosa, o Facebook reduz o alcance de sua circulação. Usuários da rede social e administradores de páginas recebem notificações se tiverem publicado ou compartilhado postagens marcadas como falsas. Um aviso também é enviado a quem quiser postar um conteúdo que tiver sido sinalizado como inverídico anteriormente.
Um pré-requisito para participar da parceria com o Facebook é obter certificação da International Fact Checking Network (IFCN), o que, no caso do Estadão Verifica, ocorreu em janeiro de 2019. A associação internacional de verificadores de fatos exige das entidades certificadas que assinem um código de princípios e assumam compromissos em cinco áreas: apartidarismo e imparcialidade; transparência das fontes; transparência do financiamento e organização; transparência da metodologia; e política de correções aberta e honesta. O comprometimento com essas práticas promove mais equilíbrio e precisão no trabalho.