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Vídeo não mostra líder do Hamas sendo preso, e sim ex-líder de Nagorno-Karabakh

Postagens afirmam que Israel prendeu chefe do grupo islâmico, mas detido é político que vivia em região separatista entre Azerbaijão e Armênia

Por Gabriel Belic

O que estão compartilhando: vídeo que mostraria a polícia de Israel capturando um dos líderes do grupo Hamas.

O Estadão Verifica investigou e concluiu que: é enganoso. O homem mostrado nas imagens é Ruben Vardanyan, político e ex-líder de Nagorno-Karabakh, enclave montanhoso entre Azerbaijão e Armênia. Ele foi detido no final de setembro, ao tentar cruzar a fronteira armênia. Mais de 50 mil pessoas de Nagorno-Karabakh fizeram essa mesma movimentação depois que uma ofensiva militar azerbaijana retomou o controle da região separatista.

Postagens enganam ao afirmar que líder do Hamas foi capturado; vídeo mostra ex-líder de Nagorno-Karabakh sendo detido Foto: Reprodução/TikTok

Saiba mais: por meio de uma busca reversa de imagens (veja como fazer aqui), foi possível encontrar o vídeo original publicado pela agência de notícias francesa AFP. Postagens nas redes sociais têm compartilhado o vídeo para enganar sobre a guerra entre Israel e Palestina e afirmar que o líder do Hamas foi capturado por Israel.

Vídeo mostra ex-líder de Nagorno-Karabakh

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Na realidade, quem está sendo detido no vídeo é Ruben Vardanyan, ex-líder de Nagorno-Karabakh. No uniforme dos seguranças que aparecem na gravação, é possível identificar a sigla “DTX”, sigla para “Dövlət Təhlükəsizlik Xidməti”, que significa Serviço de Segurança do Estado em azerbaijano.

Em setembro, o Azerbaijão anunciou uma ofensiva militar relâmpago, que definiu como ação “antiterrorista”, e lançou fogo de artilharia sobre posições armênias em Nagorno-Karabakh. Após dois dias de confronto no enclave montanhoso, as forças do Azerbaijão e da Armênia chegaram a um acordo de cessar-fogo para encerrar dois dias de confronto na região.

No acordo, o Azerbaijão afirmou que permitiria o “movimento livre, voluntário e desimpedido” dos residentes da república não reconhecida para a Armênia – o que resultou em uma fuga de mais da metade da população.

Em 27 de setembro, a Armênia anunciou que recebeu mais de 50 mil pessoas que haviam deixado a região de Nagorno-Karabakh. Ruben Vardanyan, político armênio que chefiou o governo separatista de novembro de 2022 a fevereiro deste ano, era uma das pessoas que tentava fugir do território, mas foi detido na fronteira.

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Em 28 de setembro, a liderança armênia do enclave montanhoso anunciou a dissolução do governo separatista. Samvel Shahramanyan, governante da região, anunciou que, a partir de 1º de janeiro de 2024, a república de Nagorno-Karabakh deixa de existir, após três décadas de tentativa de independência.

Líder militar do Hamas foi morto em ataque israelense

Nesta terça-feira, 17, um ataque aéreo israelense matou um dos principais líderes militares do Hamas na Faixa de Gaza, Ayman Noufal. A morte foi confirmada pelo grupo extremista, o qual afirmou que Noufal morreu em “um selvagem bombardeio sionista dirigido contra o acampamento de Bureiy, no centro da Faixa de Gaza”.

Em nota, as Forças Armadas de Israel e o Shin Bet, o serviço secreto do Interior israelense afirmaram que “caças-bombardeiros israelenses, sob as diretrizes de informação do Shin Bet, mataram Noufal, um dos altos funcionários da organização terrorista Hamas, comandante da brigada central de Gaza e ex-chefe da espionagem militar do Hamas”.

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Desde o início dos confrontos, que começaram em 7 de outubro, o número de funcionários de alto escalão do Hamas mortos aumentou para pelo menos oito. Além de Noufal, o Exército israelense também anunciou a morte de Osama Mazini, chefe do Conselho Shura, o mais alto órgão de decisão política do Hamas.

Como lidar com postagens do tipo: As publicações desinformativas usam um assunto em evidência e de grande apelo para espalhar desinformação. Os desdobramentos que envolvem o confronto entre Israel e Hamas são massivamente noticiados pela imprensa. Assim, se o chefe do grupo islâmico tivesse sido capturado, a informação estaria em destaque nos principais jornais do mundo. Veja tudo o que já foi desmentido pelo Estadão Verifica sobre o conflito aqui.

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