Abbas poderia dissolver gabinete do Hamas e formar novo Governo

O mais provável é que acabe se formando na ANP um governo de emergência em vez de uma coalizão de união nacional, afirma membro da OLP

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Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP), Mahmoud Abbas, poderia dissolver o Governo do movimento islâmico Hamas devido à situação de crise na ANP, segundo políticos próximos ao líder, que acrescentaram que ele também poderia formar um gabinete de emergência frente à impossibilidade de se conseguir um de união nacional. Yasser Abed Rabbo, membro do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), disse hoje que o mais provável é que acabe se formando na ANP um Governo de emergência em vez de uma coalizão de união nacional. Isto será necessário se a situação nos territórios palestinos continuar se deteriorando, disse Rabbo. "Há possibilidades de que se forme um Governo de emergência devido à atual posição do Governo na hora de lidar com as greves (de funcionários por não receberem o salário completo há meses) e à crise política, econômica e financeira interna", disse Rabbo à emissora de rádio a "Voz da Palestina". Rabbo disse que Abbas não conseguiu obter do Hamas a aprovação a um governo de coalizão e afirmou que os porta-vozes do movimento islâmico "só tentam ocultar o fracasso quando dizem que as conversas apenas estão começando". Por sua parte, o chefe do grupo parlamentar do movimento nacionalista Fatah, de Abbas, Azzam al-Ahmed, indicou nesta segunda-feira que se espera que o presidente dissolva o Governo do Hamas no final deste mês. Se o Governo continuar conduzindo os assuntos como até agora, "o presidente tem competência para praticar seu direito constitucional e dissolver o Governo", disse o político aos jornalistas em Gaza. O presidente tomará essa decisão no final de mês "se a situação não mudar e tornar-se insustentável", acrescentou. Segundo o chefe do grupo parlamentar, Abbas disse há dois dias que "se a liderança palestina não é capaz de assegurar boas condições de vida não merece continuar sentada no lugar que ocupa". Mais de 160 mil funcionários estão em greve desde o dia 1º em protesto por não terem recebido seus salários desde que, em março, a chegada ao governo do Hamas provocou a suspensão de parte das ajudas Ocidentais. Ahmed acusou o Hamas de não levar a sério a formação de um Governo de união nacional porque "não acredita em nenhum tipo de associação política e não quer ter nada a ver com outras forças e facções". O principal problema que a ANP tem agora é com os Estados Unidos e a comunidade internacional, acrescentou. Enquanto isso, fontes próximas ao primeiro-ministro, Ismail Haniyeh, do Hamas, informaram hoje que ele se dirigirá ao Parlamento palestino na quinta-feira para esclarecer suas posições e as dificuldades às quais tem que fazer frente desde que assumiu o Governo. Haniyeh deve insistir especialmente sobre as sanções internacionais e o fato de Israel ter detido e manter presos vários membros de seu gabinete e deputados de seu partido.

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