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Calor castiga mundo: Vale da Morte nos EUA chega a 51°C; Europa e Ásia têm temperaturas extremas

Moradores foram orientados a não sair de casa durante o dia para evitar altas temperaturas

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Por Redação

Dezenas de milhões de pessoas suportaram neste domingo, 26, uma onda de calor persistente no hemisfério norte, com temperaturas extremas nos Estados Unidos, Europa e Ásia, numa nova ilustração dos efeitos do aquecimento global.

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Nos EUA, mais de 80 milhões de pessoas acordaram com alertas oficiais ou previsões de ondas de calor intensa nos estados do oeste, sul e sudeste. O Vale da Morte, na Califórnia, atingiu 51°C no sábado.

Na Europa, onde o aquecimento está progredindo duas vezes mais rápido que a média global, segundo especialistas, vários países registraram temperaturas extremas.

Recordes de temperatura nos EUA

O Serviço Meteorológico Nacional (NWS, na sigla em inglês), dos EUA, alertou sobre “uma onda de calor generalizada e sufocante” em grande parte do oeste até o sudeste americano, com temperaturas sufocantes que continuarão durante a semana e aumentarão os riscos para a saúde de milhões de habitantes.

“São esperadas temperaturas altas recordes generalizadas, bem como mínimas diárias quentes recordes em partes do sudoeste, ao longo da costa oeste do Golfo e no sul da Flórida”, disse o NWS em um relatório divulgado no dia.

Na cidade de Houston, no estado do Texas, foi solicitado aos residentes que economizem eletricidade entre as 14h e as 22h de sábado a segunda-feira, numa tentativa de mitigar a alta demanda devido ao calor.

Califórnia registra fortes ondas de calor em julho Foto: DAVID MCNEW / Getty Images via AFP

Os moradores do sul da Califórnia, que viram os termômetros atingirem máximas de 41°C a 43°C no sábado, 15, enfrentam um segundo dia de temperaturas sufocantes e espera-se que o termômetro ultrapasse os 46°C em algumas partes desse estado, bem como em Nevada e Arizona, de acordo com o NWS.

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Vale da Morte chega a 51°C

No sábado à tarde, o famoso Vale da Morte, na Califórnia - um dos lugares mais quentes da Terra -, atingiu uma temperatura potencialmente mortal de cerca de 51°C e prevê-se que alcance um pico de 54°C neste domingo.

Também no sábado, a cidade de Idyllwild, a leste de Los Angeles e a cerca de 1,6 mil metros acima do nível do mar, superou seu recorde anterior e alcançou 37,7°C.

Em Imperial, a leste de San Diego (Califórnia), o recorde diário de 46,6°C foi igualado. O NWS enfatizou que o calor é a principal causa de morte relacionada ao clima nos Estados Unidos e pediu que a população leve esse risco a sério.

“No total, do sul da Flórida e da costa do Golfo ao sudoeste, mais de 80 milhões de pessoas permanecem sob um aviso de calor excessivo ou um alerta de onda de calor a partir desta manhã”, segundo o NWS.

Pessoas devem evitar atividades ao ar livre

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As autoridades estenderam seus alertas por dias, aconselhando as pessoas a evitarem atividades ao ar livre durante o dia e a se manterem constantemente hidratadas para evitar fatalidades com essas temperaturas.

No Arizona, a capital do estado, Phoenix, registrou 16 dias consecutivos acima de 42,7°C. No sábado à tarde, as temperaturas atingiram 47,7°C e permaneceram acima de 32°C durante a noite.

“A cidade organizou equipes de voluntários para direcionar os moradores para centros climatizados e distribuir garrafas de água e chapéus, mas o diretor do programa, David Hondula, disse ao canal americano ABC que sua programação de três dias por semana “claramente não é suficiente”.

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Americanos foram orientados a evitar atividades ao ar livre durante onda de calor  Foto: CAROLINE BREHMAN/EFE

Frequência de ondas de calor aumentou

Ondas de calor estão ocorrendo com maior frequência e intensidade nas principais cidades dos Estados Unidos, de acordo com a Agência de Proteção Ambiental (EPA). Elas ocorreram seis vezes por ano durante as décadas de 2010 e 2020, em comparação com as duas vezes por ano registradas na década de 1960.

“Essa onda de calor não é o calor típico do deserto”, destacou o escritório de Las Vegas do NWS em sua conta no Twitter, especificando que “sua duração prolongada, temperaturas diurnas extremas e noites quentes” eram incomuns.

Canadá tem menos chuvas

O Canadá, país vizinho, está sofrendo com ondas de altas temperaturas combinadas com meses de precipitação abaixo da média habitual, resultando em uma quantidade recorde de 10 milhões de hectares de terra queimada por incêndios florestais devastadores até agora em 2023.

“Este ano nos deparamos com números piores do que os de nossos cenários mais pessimistas”, disse Yan Boulanger, pesquisador do Ministério de Recursos Naturais do Canadá.

Itália tem alerta vermelho

Na Itália, 16 cidades estão em alerta vermelho, com máximas de até 36 e 37°C. Apesar disso, cerca de 15 mil peregrinos e turistas, de acordo com a gendarmaria do Vaticano, se reuniram na Praça de São Pedro para participar do tradicional Angelus do Papa Francisco ao meio-dia.

Entre eles estava François Mbemba, um sacerdote congolês de 29 anos, que afirmou que em Roma “está mais quente do que na África”. “O calor dura até a noite e temos dificuldade para dormir. Vestidos de preto, suamos como no inferno”, afirmou.

Na Itália, moradores e turistas encaram temperaturas acima dos 40°C Foto: Alberto Lo Bianco/LaPresse via AP

Espanha enfrenta nova onda

A Espanha está prestes a enfrentar uma nova onda de calor, embora breve, depois de passar por uma semana sufocante cujas consequências ainda são sentidas na ilha espanhola de La Palma, onde um incêndio queimou cerca de 5 mil hectares neste fim de semana e obrigou a evacuação de 4 mil pessoas.

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A mesma ilha, em frente à costa noroeste da África, já sofreu as devastadoras consequências da erupção de um vulcão no final de 2021. “Sinto impotência ao ver tudo queimando, ao ver duas cidades evacuadas completamente, saber que há pessoas que perderam tudo por causa do vulcão e reconstruíram suas vidas no norte e agora estão evacuadas novamente e correm o risco de perder tudo”, disse Patricia Sánchez, de 37 anos, trabalhadora da Cruz Vermelha Espanhola.

A agência meteorológica espanhola (Aemet) emitiu alertas laranja para altas temperaturas (38 a 42°C) em amplas áreas da Península Ibérica e das Ilhas Baleares na segunda-feira, além de alerta vermelho (perigo extremo) também na segunda-feira em áreas da Andaluzia e na terça-feira em Aragão, Catalunha e Mallorca (42 a 44°C).

Grécia mantém ponto turístico fechado

Na Grécia, onde as temperaturas devem diminuir ligeiramente, as autoridades decidiram manter a Acrópole de Atenas fechada neste domingo das 13h às 17h.

Ásia tem tempestades e calor extremo

Na Ásia, as tempestades se somam ao calor extremo. No Japão, as autoridades emitiram um alerta de onda de calor em 20 das 47 prefeituras do país, com temperaturas próximas a 40°C.

Em Tóquio, onde a temperatura atingiu 36°C, “apenas caminhar já é cansativo”, comentou Coline Grison, uma turista francesa de 24 anos. A onda de calor afeta o leste e o sudoeste do arquipélago japonês, enquanto outras regiões sofrem com fortes chuvas que deixaram pelo menos oito vítimas nos últimos dias.

Na Coreia do Sul, os socorristas estão tentando resgatar pessoas presas em um túnel inundado. A China também emitiu vários alertas de altas temperaturas e advertiu que elas podem chegar a até 45°C na região de Xinjiang (nordeste), parcialmente desértica, e 39°C na região sul de Guangxi.

O calor é um dos eventos meteorológicos mais mortais, lembrou recentemente a Organização Meteorológica Mundial (OMM). No verão passado, apenas na Europa, mais de 60 mil pessoas morreram devido ao calor, de acordo com um estudo recente./AFP

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