CIDADE DO MÉXICO - Os chanceleres da Argentina, Brasil, Chile, Paraguai, México e Peru manifestaram na quarta-feira sua preocupação com a situação na Venezuela, após o conselho eleitoral venezuelano determinar que o referendo revogatório do mandato do presidente Nicolás Maduro ocorrerá apenas em 2017, impossibilitando a troca do governo.
Em um comunicado divulgado pela chancelaria do México, os seis chanceleres "expressam sua preocupação" com a decisão do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela de adotar uma série de medidas "que têm o efeito de adiar a realização do referendo revogatório para 2017, afetando assim o sentido da consulta".
Os ministros reafirmaram seu "apoio e sua disposição de contribuir para a realização de um diálogo entre o governo e os distintos atores políticos e sociais venezuelanos, que permita, por meio do entendimento mútuo, promover a estabilidade política, a recuperação econômica e o pleno respeito aos direitos humanos".
A carta é firmada pelo chanceler brasileiro, José Serra, e por seus colegas de Argentina, Susana Malcorra, do Chile, Heraldo Muñoz, do Paraguai, Eladio Loizaga, do México, Claudia Ruiz Massieu, do Peru, Ricardo Luna.
O CNE anunciou no dia 21 de setembro que a oposição poderá recolher as quatro milhões de assinaturas requeridas para convocar o referendo em 26, 27 e 28 de outubro. Diante dos prazos, a consulta acontecerá entre fevereiro e março de 2017, garantindo ao chavismo permanecer no poder até a próxima eleição presidencial, prevista para 2018.
Além da crise política, a Venezuela enfrenta uma severa escassez de alimentos e remédios, e uma inflação calculada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) em 720% para este ano.
Uma pesquisa realizada pelo instituto Venebarómetro divulgada na quarta-feira aponta que 67,8% dos venezuelanos votariam contra Maduro em um referendo revogatório.
O chavista perderia a consulta com folga, segundo a enquete que entrevistou 1,2 mil pessoas entre 26 de agosto e 4 de setembro.
A gestão do presidente foi avaliada de maneira negativa por 76,4% dos entrevistados, e 50,5% avaliam como péssima. Além disso, 90,9% consideraram regular, ruim, ou muito ruim a situação do país. Em novembro de 2015, esse percentual de 73,3%. / AFP